Barragens de rejeito da Yamana Gold representam risco para Jacobina?


A tragédia que aconteceu no município de Mariana (MG)  é um evento muito corriqueiro na mineração, porém os empresários são tão frios e desumanos que têm a coragem de dizer em Rede de TV que telefonaram para os moradores que ficam nas comunidades a jusante (abaixo) da barragem. Em Cataguases e em Nova Lima, recentemente, barragens de rejeito se romperam.




[caption id="attachment_28288" align="aligncenter" width="621"]Barragens de rejeito da Yamana Gold representam risco para Jacobina? Barragem de rejeito nova - segunda barragem (Foto: Almacks Luiz)[/caption]

Como pode um funcionário pegar um telefone e ligar para mais de 500 moradores após o rompimento de um talude (paredão)? Se não fosse trágico podia analisar como uma cena cômica a cara de pau dos responsáveis pela empresa dizendo que telefonaram.


A Portaria Nº 416 de 03 de setembro de 2012 criou o Plano de Segurança, Revisão Periódica de Segurança e Inspeção Regulares e Especiais de Segurança das Barragens de Mineração, conforme Lei Nº 12.334 de 20 de setembro de 2010. Através do Relatório Anual de Lavra – RAL a empresa informa a situação das barragens, também avaliadas com o Plano de Utilização das Águas – PUA, determinado pelas Resoluções CONAMA Nº 29/2002 e 55/2005.




[caption id="attachment_28289" align="aligncenter" width="621"]Barragens de rejeito da Yamana Gold representam risco para Jacobina? Barragem de rejeito vista do Pico do Jaragua (Foto: Almacks Luiz)[/caption]

A segunda Barragem de Rejeito da Yamana Gold em Jacobina – Bahia, tem uma área de 34 (trinta e quatro) hectares, talude (paredão) de 55 (cinquenta e cinco) metros de altura e capacidade para 13 (treze) milhões de toneladas de material.


Você se assombrou com esses números? Fique sabendo que vão ser preciso construir mais 5 barragens de rejeito deste porte para suportar a quantidade de material que serão moídos na Planta da Yamana Gold em Jacobina e ficará para o resto da vida o perigo para a população do entorno da mina e de Jacobina.


O NI – 43.101 é um estudo em que as empresas mineradoras precisam para poder colocar suas ações nas Bolsas de Valores, provando o potencial minerário do Empreendimento.


Este documento atesta que o potencial minerário das Minas de Jacobina sob o domínio da Yamana Gold tem o seguinte potencial:


33,9 milhões de toneladas com teor de 2,39 g/t de ouro; 15,8 milhões de toneladas com teor de 3,1 g/t de ouro, perfazendo um total de 59,7 milhões de toneladas de rochas que serão moídas e forçosamente terão que vir para uma barragem de rejeito.




[caption id="attachment_28290" align="aligncenter" width="621"]Barragens de rejeito da Yamana Gold representam risco para Jacobina? Planta da Yamana Gold em Jacobina (Foto: Almacks Luiz)[/caption]

Como a primeira barragem está sendo fechada por ter chegado a sua capacidade máxima e a Barragem Nova, a segunda barragem, só tem capacidade para 13 milhões de toneladas de material, o complexo minerário de Jacobina terá que ter mais 5 (cinco) outras barragens de rejeito para acumular a quantidade de material declarada pela própria Yaman Gold em seu NI – 43.101.


Na cidade de Angra dos Reis, onde estão instaladas as Usinas Nucleares, de quando em vez acontece treinamento do Plano de Evacuação em casos de problemas nas Usinas Angra I e a II em construção.


Nos aeroportos brasileiros, de quando em vez, acontece treinamento de Planos de Segurança e em Jacobina você já foi informado sobre o Plano que a Yamana Gold tem em caso de rompimento em uma destas duas barragens de rejeitos?



Consequências


Primeiro - A cidade entraria em colapso porque a duas barragens estão em nível superior à barragem de captação de água da cidade, assim de primeira mão, teria que ser suspenso o fornecimento de água da maior parte da cidade, porque outra parte recebe água de outros mananciais.


Segundo - O desnível da localização das barragens de rejeito da Yamana Gold e a pequena distância para o centro da cidade logo seria atingida.  O rio (leito do rio Itapicuru) é a parte mais baixa de uma Bacia Hidrográfica.



Sobre o autor:


Almacks Luiz Silva é colaborador da CPT – Comissão Pastoral da Terra, Membro Titular do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, Membro do Grupo de Acompanhamento do Contrato de Gestão – GACG, Presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Salitre, Membro Titular do Conselho Estadual de Recursos Hídricos – CONERH.
Socioambientalista graduado no Curso Superior de Tecnologia em Gestão Ambiental - UNOPAR
Extensão em Gestão Participativa de Bacias Hidrográficas  - UFAL e UFS
Extensão em Ações de Gestão para Controle da Poluição em Bacias Hidrográficas - UFBA
Curso de Residência Agrária em Processos Históricos e Inovações Tecnológicas no Semiárido – UFPB
Consultor Ambiental e dos Recursos Hídricos
CV:  http://lattes.cnpq.br/7821142835631449

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