O presidente Michel Temer (PMDB) anunciou no final da tarde desta quinta-feira (18) que não vai renunciar. Ele foi implicado na delação feita pelo empresário Joesley Batista, um dos donos do grupo JBS - controlador da Friboi. O peemedebista cancelou a agenda oficial e passou o dia conversando com assessores diretos, além de ministros de Estado.



"Não temo nenhuma delação, nada tenho a esconder", disse Temer. "Nunca autorizei que se utilizasse meu nome". Segundo o presidente, a investigação no Supremo Tribunal Federal (STF) vai permitir que toda verdade venha à tona e "surgirão todas as explicações". "Não comprei o silêncio de ninguém (...) Não renunciarei".

Ele ainda citou dados econômicos positivos do seu governo e afirmou que "todo o esforço para tirar o país da recessão pode se tornar inútil" com a instabilidade política do momento. Até o momento, três pedidos de impeachment contra Michel Temer já foram protocolados

Segundo a delação, Temer deu aval ao pagamento de uma mesada para o deputado cassado Eduardo Cunha, que está preso. Aécio Neves (PSDB) e Guido Mantega (PT) também foram citados.

A irmã de Aécio, principal assessora do ex-candidato à presidência, foi presa pela PF em Minas Gerais. O senador, que é presidente nacional do PSDB, foi gravado pedindo a quantia de R$ 2 milhões a Joesley Batista, sob o argumento de que precisava de dinheiro para a defesa na Operação Lava Jato, segundo o jornal O Globo. Aécio é alvo de cinco pedidos de inquéritos na Lava Jato.

Réu na Lava Jato


O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou no início da tarde desta quinta-feira (18) a abertura de inquérito para investigar Temer. O pedido de investigação foi feito pela Procuradoria-Geral da República (PGR).

A legislação brasileira estabelece que um presidente da República só pode ser investigado em casos de irregularidades cometidas durante o exercício do mandato e com autorização do STF.

Segundo informações divulgadas pelo jornal O Globo nesta quarta-feira (17), o empresário gravou o presidente dando aval para a compra do silêncio do ex-presidente da Câmara de Deputados, Eduardo Cunha, preso em Curitiba. Parte das imagens feitas pela PF foi divulgada nesta quinta.

A delação de Joesley Batista e do irmão, Wesley, foi homologada por Fachin e o sigilo das investigações pode ser levantado nas próximas horas. Com a decisão do ministro do STF, Temer passou formalmente à condição de investigado na Operação Lava Jato.

Um ano de governo


Temer completou um ano de mandato na última sexta-feira. Ele assumiu a Presidência da República em 12 de maio de 2016, após os senadores aprovarem a abertura do processo de impeachment de Dilma Rousseff (PT), o que resultou no afastamento dela do cargo. Em agosto, o Senado aprovou o impeachment de Dilma, e Temer assumiu a Presidência efetivamente.

Nesses 12 meses, a gestão de Temer foi marcada pela adoção do ajuste fiscal na economia, com a definição de um teto para os gastos públicos, e pelo envio das reformas da Previdência, trabalhista e do ensino médio para o Congresso.

No pronunciamento hoje, Temer afirmou que seu governo, nesta semana, teve seu melhor e seu pior momento. Ele citou dados positivos na economia, que para ele "criaram esperança de dias melhores".

Correio 24h

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