Depois da crise provocada pela carta em que Antonio Palocci compara o PT a uma “seita”, a ordem da cúpula petista é não jogar mais holofotes sobre sua “traição”. Embora o ex-ministro seja chamado de “Judas” por dirigentes do PT, o temor é que ele tenha provas concretas para apresentar contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o que seria mais uma pá de cal sobre sua candidatura, em 2018.



Nem mesmo a corrente Mensagem ao Partido – que desde o escândalo do mensalão, em 2005, defende a autocrítica dos erros cometidos pela sigla – admitiu alguma razão a Palocci quando ele pregou a “leniência” do PT.


“O que Palocci fez não foi uma reflexão de natureza política. Foi a carta de alguém que tem um roteiro estabelecido para conseguir a delação premiada e deixar a prisão”, disse o deputado Paulo Teixeira (PT-SP), integrante do grupo Mensagem. “Todos sabem que, nessa negociação, a exigência é para que os delatores falem do Lula.”


No Congresso, uma das poucas vozes do PT a manter empunhada a bandeira do acerto de contas é a do senador Paulo Paim (RS). “Se é verdade ou não o que Palocci diz, eu não tenho condições de dizer. É preciso provas consumadas. Agora, que o PT tem de fazer uma autocrítica, isso tem mesmo”, argumentou Paim, que no ano passado quase saiu do partido.


Mesmo com todo esse terremoto, o PT pretende manter a campanha de Lula nas ruas até o último recurso jurídico. Na prática, a estratégia do ex-presidente é usar o palanque para sua defesa. O discurso afiado de perseguição política também será adotado, caso ele tenha de sair do páreo, para transferir votos ao “sucessor”. Por enquanto, o seu preferido para tal missão é o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad. Há, porém, uma orientação do próprio Lula para enterrar, em público, o discurso do “plano B”.


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