O ex-ministro Ciro Gomes , candidato derrotado do PDT à Presidência no ano passado, criticou nesta sexta-feira a ida da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, à posse do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro. Segundo ele, os dirigentes petistas estão “sem rumo”.

Ciro está em rota de colisão com o PT desde a campanha eleitoral. O choque aumentou após PT retirar a candidatura de Marília Arraes ao governo de Pernambuco, inviabilizando o apoio do PSB ao PDT no plano nacional, que estava bem encaminhado à época. Ciro veio ao Rio nesta sexta para participar de uma reunião do Diretório Nacional do PDT, na sede da legenda, no Centro.

— O PT perdeu o norte. A burocracia do PT perdeu o rumo. Está que nem cachorro que cai do caminhão de mudança. E a dona Gleisi agrava isso. A grande questão é: por que não comparecer à posse do Jair Bolsonaro, eleito dentro das regras, reconhecido internacionalmente, e depois ir para a posse do Maduro, que a esmagadora maioria dos estados da OEA não reconhece legitimidade ao regime. Há muita gente dizendo que ela é uma infiltrada do Bolsonaro para destruir o que resta da decência e da respeitabilidade do pensamento progressista brasileiro — ironizou Ciro, citando uma publicação do site “Sensacionalista”.

A oposição e observadores internacionais denunciaram fraudes no processo eleitoral que levou à reeleição de Maduro, cujo novo mandato não foi reconhecido pela Organização dos Estados Americanos (OEA). 
Ciro indicou ainda que o PDT ficou mais distante de apoiar a reeleição de Rodrigo Maia (DEM-RJ) à presidência da Câmara depois da adesão do PSL. O pedetista afirmou que a legenda deve andar em conjunto com PSB e PCdoB e tentar atrair outras siglas que tentam construir uma candidatura competitiva contra Maia, como o PP.

— Vamos apelar para que a bancada pense na unidade desse bloco que formamos com PSB e PCdoB, o que exige que a gente caminhe com muita delicadeza. Especialmente porque ontem o PSB denunciou a contradição do Rodrigo Maia, que se acertou com a bancada do PSL sem conversar conosco, com quem ele já vem tratando há bastante tempo — disse Ciro, acrescentando que o PP também pode ser atraído. — Pode sim. O PP quis me apoiar na eleição, e é possível que a gente use essa contradição que está acontecendo na Câmara para potencializar nossa força.

O ex-ministro também demonstrou pouco entusiasmo com as chances de sucesso do governo Bolsonaro:

— Eu quero muito que ele acerte a mão, mas do jeito que vai, o capital político vai se dissipar muito antes do que eu supunha. O problema é muito grave, e o Bolsonaro não compreende. A equipe dele é de fraca para deplorável e loteou o governo entre três forças inconciliáveis: (Sérgio) Moro, Paulo Guedes e Onyx (Lorenzoni). Isso aqui não dá liga, e fora o núcleo militar, que já está cobrando a fatura.

Fonte: O Globo
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