Uma paciente prestou queixa na delegacia depois de uma consulta com um urologista, em Salvador. A mulher, que prefere não revelar a identidade, disse que foi tocada nas partes íntimas durante uma consulta.

Segundo informações da mulher, ela se sentiu molestada e registrou um Boletim de Ocorrência (BO) na polícia. Por meio de mensagens pelo celular, a paciente disse ao médico que se sentiu constrangida e assediada diante da conduta e dos comentários do profissional durante a consulta.

O médico respondeu as mensagens com um pedido de desculpas e falou que foi um mal entendido. Disse também que queria se desculpar pessoalmente.

Ela responde que não voltaria ao consultório sabendo que o profissional desejava sair com ela. "Tentar me tocar na maca me fez sentir completamente assediada, foi muita falta de ética", escreveu.

O médico pediu perdão e disse que estava muito triste. Em mensagens enviadas no dia seguinte, o urologista disse que não dormiu preocupado e pediu para que a paciente não o prejudicasse.


Ele fez: ‘é, minha florzinha, você sentia dores, mas agora não sente mais não.

“E aí ele veio para me dar um beijo na testa, me deu um beijo na testa. Depois veio para me dar um beijo na boca, foi quando eu tomei aquele susto, virei o rosto e ele pegou na ponta do meu nariz”, contou.

E fez: 'eu vou te dar alta e você vai sair comigo.

Em nota, a Polícia Civil disse que a apuração do caso está em andamento na delegacia do Rio Vermelho, na capital baiana. Afirmou também que depoimentos já estão sendo colhidos e o investigado vai prestar depoimento na unidade policial.

"Hoje é muito doloroso pra mim para falar sobre isso, mas eu não posso ficar calada. Tenho que denunciar, porque pode ser que outras mulheres tenham passado por isso, ou pode ser que eu tenha sido a primeira, mas que não tenha outras vítimas, né? Minha intenção é justamente essa", disse a paciente.

Eu sofri uma violência sexual mediante fraude. Eu não posso ficar calada, eu não posso me calar diante disso.

Casos na Bahia

Entre 2018 e 2022, o Conselho Regional de Medicina do Estado da Bahia (Cremeb) instaurou 14 sindicâncias para investigar denúncias de assédio sexual. Desse total, uma ainda está sendo apurada, cinco foram arquivadas por falta de provas e oito resultaram em processos ético-profissionais para apuração de infração ética.

Nesse período, dois médicos tiveram o exercício profissional cassado, mas continuam atuando porque entraram com recurso no Conselho Federal de Medicina. A presidente da Coordenadoria da Mulher do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) destaca a importância da denuncia e diz que a violência sexual praticada por médicos tem que ser investigada.

A violência sexual é só um dos tipos de crimes praticados contra a mulher. Pelos registros de ocorrências policiais na Bahia, nos anos de 2020 e 2021, o crime de ameaça está no topo das denúncias seguido de lesão corporal dolosa, injúria, estupro, tentativa de homicídio, importunação sexual e feminicídio.

Os boletins de ocorrências mostram queda no número de denúncias da maioria desses crimes entre 2020 e 2021. Apenas importunação sexual registrou discreto acréscimo.

Para a advogada criminalista Dandara Pinho, muitas mulheres deixam de procurar a polícia porque não se sentem à vontade para fazer a denúncia.

Por g1

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