Começou no dia 13 de junho. Foi o maior susto quando vi que a água do rio estava branca, parecendo leite. Eu senti uma coisa tão forte dentro de mim, que comecei a tremer e a chorar. Tive medo. Parecia que eu estava em um filme apocalítico, desabafa a estudante Marcela Rocha.

Desde então, ribeirinhos, pescadores e ambientalistas denunciam a condição da água do rio Grande que, por outras vezes, ficou totalmente esbranquiçada. O problema surge a partir do local em que estão construindo a Pequena Central Hidrelétrica (PCH) Santa Luzia, na comunidade de Coqueiral, poucos quilômetros acima de Sítio Grande.

A mudança de cristalina para leitosa na cor da água acontece por causa do desvio do leito natural do rio para construção da barragem. A responsabilidade da construção é do consórcio FLAMAC/ECAN. Por enquanto, o canal está escoando cerca de 90% do total que passa por esta localidade. 

A previsão é que até a etapa final ainda deve se repetir esta situação da cor da água à jusante. Entretanto, através de nota, a PCH Santa Luzia reafirmou que na fase atual os serviços de intervenção no leito foram concluídos dia 29 de junho e que desde então a coloração vem se normalizando.

Órgãos ambientais do estado e do município buscaram informações e fizeram avaliações sobre a qualidade da água, constatando que a mudança de cor se deve aos sedimentos misturados para execução da obra. A Universidade Federal do Oeste da Bahia e o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Grande também atuaram nas pesquisas e  acompanhando o processo.

Susto

Embora o desvio e a consequente mistura de solo na água seja um fator inerente a uma construção de barragem, a mudança na cor da água assustou parte da população. Neste contexto, grupos ambientalistas reforçaram as críticas contra a instalação da PCH, manifestadas em outras oportunidades desde os anos de 2008/2009, quando foi anunciada.

De acordo com a Assistente Técnica de Desenvolvimento Socioambiental da Agência 10envolvimento, Amanda Santos Silva, a instituição, que é ligada à Igreja Católica, atua desde o início visando impedir a aprovação dos pedidos de licença para estudo e instalação deste e outros empreendimentos. 

Amanda pontuou que o movimento não é focado apenas na PCH Santa Luzia e que a motivação é a defesa dos recursos naturais.

Porque toda barragem interfere na biologia do rio, bem como no amparo aos ribeirinhos, pela questão social, pois devem ficar nas suas terras, produzindo, defendeu.

Engenheira Sanitarista e Ambiental, Amanda destacou que na situação pontual das obras para desvio do rio.

Avaliamos que a manobra foi desrespeitosa, porque considerou a princípio que apenas as comunidades próximas fossem afetadas. Na prática, a interferência impactou em diversas comunidades, enfatizou.

As comunidades diretamente afetadas foram avisadas com antecedência através de carro de som e também através das secretarias de Meio  Ambiente e de Infraestrutura de São Desidério, informou a PCH Santa Luzia

Segundo a empresa, foi disponibilizado caminhão pipa para as comunidades indicadas pela prefeitura, prestando atendimento até a regularização do abastecimento de água. A reportagem também buscou informações junto ao Inema, entretanto, não obteve retorno até o fechamento da matéria.

Fonte: A Tarde

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