Vento, pressão atmosférica e ondas grandes. Esses três fatores que se combinados dão origem a um fenômeno raro, mas destrutivo: o tsunami meteorológico. O evento arrastou carros e "engoliu" parte da Praia do Cardoso, na cidade de Laguna, em Santa Catarina neste fim de semana.

O que é o fenômeno?

O tsunami meteorológico ocorre quando uma quantidade de nuvens carregadas e fortes ventos avançam rapidamente sobre o mar e formam uma grande onda que chega até a praia. Ele está normalmente está atrelado a algum sistema meteorológico, como linhas de instabilidade, como foi o caso desta ocorrência, segundo a Defesa Civil. Por esses fatores, inclusive, é de difícil previsão.

"Uma mudança brusca do vento, e têm que ser ventos que já estão em velocidades altas e também uma queda repentina e brusca da pressão atmosférica e pode estar associado. Foi o que aconteceu, estar associado a ondas maiores. Esses três fatores: vento, pressão atmosférica e ondas grandes combinados, mesmo que distantes, podem causar o tsunami meteorológico", explicou Mauro Michelena Andrade, professor de meteorologia.

O tsunami meteorológico foi registrado poucas vezes no Brasil, sendo em outras duas vezes em Santa Catarina: em 2019 em Florianópolis e em 2014 em Balneário Rincão 

Para Mauro Michelena, apesar de o fenômeno poder ocorrer em qualquer região litorânea, as raras ocorrências de tsunamis meteorológicos no Brasil serem com frequência na Região Sul têm explicação.

"O sul do país, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, é um pouco mais comum porque são praias mais abertas e também as cidades e os eventos meteorológicos são maiores, como os ventos", completou.

Fenômeno em Laguna

No momento dos fortes ventos e ondas, a praia estava cheia de turistas e foi possível ver muitas pessoas correndo, além de ouvir gritos, relatou o pescador Marcio Goulart Nascimento, que presenciou a cena.

"Estava cheia de gente, havia dezenas de carros, alguns conseguiram sair rápido. Mas uns 10 carros estragaram bem. Eles boiaram na maré. [...] Todos esses carros que foram atingidos foram arrastados", detalhou o pescador.

Quando a maré baixou, segundo ele, pescadores correram para ajudar banhistas e outros frequentadores, principalmente mulheres e crianças. Pessoas também perderam documentos, segundo ele.

Conforme lei municipal, é proibida "a entrada, a permanência e a circulação de veículos automotores" nas praias do município, com exceção das praias do Gi, Canto do Gi e do Sol.

Sobre o fenômeno, a Defesa Civil detalhou que houve instabilidade e os fatores propícios para o tsunami meteorológico.

"As linhas de instabilidade são formadas por células de tempestades aproximadamente contínuas, dispostas de forma alinhada. Quando passam paralelas à costa, podem gerar mudanças bruscas de pressão atmosférica e rajadas de vento intensas que colaboram para o avanço da água do mar em direção à praia", detalha nota do órgão.

Fonte: g1

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