Centenas de pessoas se reuniram na tarde deste domingo (30) no Cemitério Jardim da Saudade, em Brotas, para se despedir de Marianna Oliveira Teles, 22, morta durante uma tentativa de assalto no bairro do Costa Azul na tarde de ontem. Amigos vestiram jalecos brancos em homenagem à estudante, que cursava medicina na Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública. O corpo dela foi levado para o crematório por volta das 17h.


"Vivemos, realmente, uma guerra civil", diz tio de estudante morta em Salvador


Tio de Marianna, o advogado Josemar Quadros fez um apelo de paz após o velório. “Como familiar, cidadão, eu quero pedir paz, pedir para que as autoridades tomem providências para que a gente viva num lugar melhor.  Ela era uma menina com toda a vida pela frente, com o coração bom, que teve a vida ceifada pela violência”, disse.


Josemar disse ainda que não considera mais que Salvador seja um bom lugar para se viver. “A nossa cidade, infelizmente, não está adequada para se viver. Vivemos, realmente, uma guerra civil”, afirmou. Ele ainda questionou sobre quando a cidade terá paz. “Foi um exemplo de vida que passou tão rápido, tão breve, e que isso daí sirva para chamar a atenção. Quantas vítimas mais teremos até que se tome alguma atitude? Até que a gente encontre paz nessa sociedade?”, questionou.


O policial militar Gilmar Silva, conhecia Marianna desde criança e lamentou a perda. “Eu a levava para escola junto com minha filha, elas estavam sempre juntas. E agora eu tenho que ver essa violência. É indignante”, disse. Para ele, é preciso que a população se una para cobrar providências. “A sociedade tem que se unir. Todos os fins de semana são pais enterrando seus filhos. Isso tem que parar”, disse.


Vizinho da família, o aposentado José Raimundo Álvares se emocionou ao falar da estudante. “Eu perdi uma filha por extensão. Era uma menina muito doce. Agora você veja que não tem ninguém dos Direitos Humanos aqui e a gente tem que suportar uma coisa dessas”.



Abordagem


A jovem foi morta quando ia visitar o namorado, o estudante de Direito Jaime Vieira, 22, no Edifício Costa Brava, localizado na Rua Coronel Durval Mattos. Depois de estacionar na porta do prédio e sair do carro, um Pálio branco, o bandido anunciou o assalto com a arma em punho.


"Vivemos, realmente, uma guerra civil", diz tio de estudante morta em Salvador“Ela chegou a fechar o veículo e acionar o alarme. Pelas imagens, dá para ver que ela reagiu, dizendo algo como ‘não’ e jogou a bolsa por cima do portão. Ela ainda conseguiu interfonar para o namorado, mas em seguida veio o grito e depois o tiro”, relatou a delegada plantonista Maria Andrade, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).


Ainda de acordo com ela, o assaltante disparou duas vezes contra a garota e um dos tiros a atingiu no pescoço. O crime aconteceu por volta das 18h30; toda a ação durou menos de dez segundos. Marianna não resistiu e morreu no local. A delegada afirmou que a arma utilizada pelo bandido “provavelmente é um revólver”. Depois de efetuar os disparos, o assaltante fugiu e tomou outro carro de assalto, um Cruze branco, perto de um motel da mesma rua.


A  mãe da garota, Virgínia Teles, disse que “foi tudo instantâneo. Ela chegou a tocar o interfone, mas só o que se ouviu foi o grito e o tiro...”, completou, com a voz embargada e os olhos cheios de lágrimas. “Morei nesse prédio... De vista, conhecia ela. Nessa rua, já aconteceram outros homicídios”, lembrou um vizinho que não quis se identificar. Também no Costa Azul, no dia 22 de julho, a cabeleireira Arlethe Patez, 47, foi sequestrada na porta do salão onde trabalhava, na Rua Cassilandro Barbuda.


No mesmo mês, o jovem Daniel Silva dos Santos, 26, foi morto perto de casa, na rua Professor Isaias Alves. Em 2013, a jornalista e servidora da Ufba Selma Barbosa Alves, 53, foi morta na Rua Arthur de Azevedo Machado, no mesmo bairro.


"Vivemos, realmente, uma guerra civil", diz tio de estudante morta em Salvador

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