Após dizer que não toleraria ser chamado de "golpista", o presidente Michel Temer negou a necessidade de combater o termo por acreditar o golpe "não pegou". Em entrevista divulgada neste domingo (11) no jornal O Globo, Temer falou sobre os protestos anto-governo e alguns dos ritos presidenciais que não têm sido seguidos por ele.


'Acho que o golpe não pegou', diz Michel Temer


"Acho que o golpe não pegou. Pegou como movimento político. Como movimento político é bem pensado até", disse, em resposta à pergunta se combateria o termo "golpista": "eu quero debater o golpe, quero que tenham argumentos. Porque o que está infernal no Brasil é essa irascibilidade. Isso está infernizando o país. Me digam qual é o golpe? Eu só quero governar".


Temer também explicou a mudança de discurso quanto aos protestos: "a notícia que eu tinha era de um pessoal que saiu queimando pneu e destruindo carros, os chamados black blocs, e eu respondi: 'Olha, são pessoas que se reúnem para depredar'. Depredação é delito. Depois, quando saíram milhares de pessoas às ruas, nós começamos a dizer: tem que se respeitar. Agora, tem uma significação política muito grande, porque é uma oposição a quem está no poder".


O presidente negou temer que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) puna sua chapa com a ex-presidente Dilma Rousseff por supostos crimes cometidos nas eleições de 2014. Ele declarou não ter participado das arrecadações de campanha, principal alvo da investigação.


"Eu não participei das arrecadações da campanha presidencial. Se o TSE resolver cassar a chapa, vou obedecer. Mas é claro que usarei de todos os recursos. Tenho uma tese de que a Vice-Presidência é apartada da figura institucional da presidente. Agora, se acontecer, aconteceu. Entrego sem maiores problemas", disse.


Temer também comentou alguns ritos presidenciais que não foram seguidos por ele em solenidades, como o uso da faixa na cerimônia do Sete de Setembro. "Sou meio contrário a certas coisas. Primeiro, é preciso muita discrição. Usar a faixa significaria uma soberba nesse momento", disse. "Não deixo de ser presidente por não usar a faixa".


O presidente classificou como "culto à personalidade" o costume de colocar retratos em repartições públicas e não deu previsões para a mudança do Jaburu para o Palácio do Alvorada. "Você precisa ter o símbolo para ser autoridade? Ou eu sou autoridade por conta própria, ou não é o símbolo que vai me fazer autoridade", declarou.


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