Dona Fabiana Santos de Jesus, 39, é uma das várias pessoas encontradas na fila para atendimento no hospital Irmã Dulce, na manhã desta quarta-feira, 29. Desde segunda-feira, ela e os filhos Bruna Luana, de 12 anos, Tauan, 5, e Ruan, 7, dormem na fila para a cada manhã esperarem abrir a marcação de consultas médicas. "Já conseguimos exames de laboratório para toda a família, um otorrino para Ruan e um oftalmologista para Tauan. Vamos ficar aqui até sexta-feira", disse Fabiana, que mora em Periperi.



À noite, ela relata contar com agasalhos, um grande plástico para proteção de eventuais chuvas e papelão para deitar ou ajudar a agasalhar a si mesma, os filhos e o marido Adailton, que volta à noite para dormir com a família, quando dá sete horas da noite, o pessoal da igreja vem trazer lanches para todo mundo, relatou Fabiana.


"De noite faz frio e eu prefiro a sopa, que é quente", disse Bruna, enquanto os irmãos optaram pelo mesmo prato, mais o acompanhamento com pão ou sanduíches.


Contente por já ter conseguido marcar sua consulta para um ortopedista, dona Isabel Santos, de 68, contou ter chegado às 5h para receber o lugar de um parente que dormiu na fila. "Aqui ainda é o melhor lugar. Nos tratam muito bem e os médicos são muito bons. Ai da gente se não fosse o Irmã Dulce", elogiou a aposentada, residente no IAPI, sendo aprovada por todos os que estão na fila.


Já na espera para a próxima quinta-feira, 30, o motorista Carlos Teixeira Rios, do Bairro Uruguai, disse não se preocupar com a comida porque ela é certa toda noite.


Voluntários trazem sopas, pão e sanduíche. "Ruim só quando chove. A gente corre para o outro lado onde tem abrigo" contou ele, que espera conseguir amanhã marcar atendimento na fisioterapia.


Residente em Periperi, Djeane Santos, 23, disse estar dormindo na fila desde segunda-feira, 27, às 14h, e estar sendo proveitoso o sacrifício.


"Já conseguimos exames de laboratório para toda a família, um otorrino para Ruan e um oftalmologista para Tauan. Vamos ficar aqui até sexta-feira''


Fabiana Santos de Jesus, 39 anos
"Consegui marcar, até agora, um otorrino, para o dia 3 de abril, e um ecocardiograma para o dia 18 de abril. Só falta agora a ultrassonografia da mama, que vou tentar amanhã", relatou.


Ao contrário de Dejane, a atendente de enfermagem aposentada, Creuza Oliveira (de blusa rosa na foto), 68, foi almoçar em casa para voltar à noite.


A amiga Vera Lúcia ficou de guardar o lugar de Creuza, moradora do Rio Vermelho, que dormirá na fila por uma vaga na consulta da ultrassonografia mamária. "Pode perguntar a todos aí, se não é. Apesar de tudo, aqui é o melhor lugar para esperar por um médico", afirmou Creuza.


Grande demanda


De acordo com Consuelo Santana, líder do ambulatório José Sarney das Obras Sociais Irmã Dulce, esta semana houve uma demanda de 2.500 vagas para a especialidade otorrinolaringologia. "Em relação aos agendamentos que fazemos aqui no laboratório, toda sexta-feira divulgamos as especialidades e procedimentos que vamos agendar durante a semana seguinte aqui no ambulatório das Obras Sociais Irmã Dulce", explicou Consuelo.


Ela acrescentou que essas especialidades são oferecidas para toda Salvador, região metropolitana e municípios o que demanda grande número de interessados e engrossa a fila de espera. "Ontem, especificamente, nós tivemos essa demanda muito grande para o otorrino e os pacientes saíram daqui com esse quantitativo de vagas. Para amanã (esta quinta-feira, 30), temos uma quantidade menor de vagas para ultrasson mamária e fisioterapia", completou Consuelo.


A Tarde

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