O balanço de vítimas de um dos dias mais violentos dos últimos anos na Faixa de Gaza é alto. Dezenas de milhares de manifestantes palestinos, incluindo mulheres e crianças, reuniram-se na sexta-feira em vários pontos da fronteira de Gaza com Israel para um protesto que deve durar seis semanas. No início deste sábado, dezenas de palestinos voltaram a se concentrar no local. O movimento exige o "direito de retorno" para os refugiados palestinos e denuncia o estrito bloqueio de Israel a Gaza. 

A sexta-feira, primeiro dia da mobilização, coincidiu com o "Dia da Terra", data que lembra a morte de seis árabes israelenses durante manifestações contra o confisco de terras por Israel, em 30 de março de 1976. O protesto degenerou em confrontos com as forças de Israel em vários lugares do enclave. 

O exército israelense afirmou que os manifestantes "rolaram pneus em chamas e atiraram pedras contra a cerca de segurança e as tropas de Israel, que dispararam contra os principais líderes [da manifestação]". Drones também lançaram bombas de gás lacrimogênio para dispersar a multidão. Além disso, três posições do Hamas na Faixa de Gaza foram atacadas, em represália, segundo Israel, às "tentativas de agressão" dos palestinos.

Na quinta-feira (29), as autoridades israelenses já haviam indicado ter reforçado a segurança na fronteira de Gaza, com o envio de dezenas de franco-atiradores, declarando que eles não hesitariam em atirar contra os palestinos que tentassem se infiltrar na fronteira.

Conselho de Segurança não chega a consenso

O Conselho de Segurança da ONU realizou uma reunião de emergência, a pedido do Kwait, na sexta-feira, para discutir a questão. Embora vários representantes tenham condenado o excesso de violência da parte de Israel, os países não conseguiram elaborar um documento comum.

Já o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, fez um apelo por uma investigação independente e transparente sobre o incidentes em Gaza. Em comunicado, ele diz que "a tragédia sublinha a necessidade de revitalizar o processo de paz, com o objetivo de criar condições para um regresso das negociações que vão permitir que palestinos e israelenses vivam lado a lado em paz e segurança.”

Em um discurso na sexta-feira, o presidente palestino Mahmoud Abbas atribuiu a Israel toda responsabilidade pelas mortes. Já a Turquia acusou Israel de "uso desproporcional" da força. A Liga Árabe classificou o ato de "selvagem". 

Palestinos cada vez mais longe da criação de um Estado

Enquanto o Estado de Israel celebrará em maio seu 70º aniversário, os palestinos ainda aguardam a criação de seu Estado, mais incerto do que nunca. O direito ao retorno dos refugiados continua sendo uma exigência fundamental dos palestinos e, para os israelenses, um grande obstáculo à paz.

O status de Jerusalém também é um ponto importante de tensão, especialmente depois que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, decidiu reconhecer a cidade como a capital de Israel e transferir a embaixada americana para o local. A decisão, anunciada em  maio de 2017, enfureceu os palestinos, que querem fazer de Jerusalém Oriental, anexada por Israel, a capital do Estado ao qual aspiram.

Fonte: RFI
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