A Polícia Civil da Bahia vai fazer uma reconstituição da morte do miliciano Adriano da Nóbrega, que aconteceu em Esplanada durante uma operação. Policiais que participaram dessa ação serão convocados para fazer parte da reprodução simulada.

A reprodução simulada deve acontecer somente depois que a pandemia de covid-19 estar sob controle e, por isso, ainda não tem data marcada.

A reconstituição quer esclarecer dúvidas sobre a morte de Adriano, ex-PM do Bope do Rio de Janeiro, em 9 de fevereiro deste ano. A versão dada pelos policiais é que o miliciano reagiu ao receber ordem de prisão. Houve então um confronto que terminou com Adriano baleado e morto. Desde que o fato aconteceu, o caso está sob escrutínio público.

Adirano estava escondido em uma fazenda que pertence ao vereador Gilsinho da Dedé (PSL), que afirmou não conhecer o miliciano, nem saber de sua presença no local.

Em nota à CNN, que divulgou primeiro a reconstituição, o Ministério Público da Bahia (MP-BA) afirmou que também acompanha a situação e "está envidando todos os esforços para produzir as provas necessárias ao esclarecimento dos fatos, mesmo em meio ao isolamento social e às adversidades impostas pela pandemia". Um grupo de promotores foi designado para o caso.

Os 13 celulares apreendidos na operação que terminou com a morte de Adriano foram encaminhados ao Ministério Público do Rio para passar por perícia. O Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do MP-RJ, afirmou que os telefones já foram periciados, mas o conteúdo não será divulgado porque o caso segue sob sigilo.

Na época da morte de Adriano, a SSP chegou a informar que ele era suspeito de envolvimento na morte da vereadora do Rio, Marielle Franco, e do motorista Anderson Gomes. O nome dele, contudo, não está no inquérito que investiga a morte de Marielle. Ele estava foragido desde janeiro de 2019, acusado de chefiar uma milícia e era acusado por três homicídios.

Familiares de Adriano chegaram a trabalhar no gabinete de Flávio Bolsonaro, hoje senador da República, por indicação de Fabrício Queiroz, acusado de chefiar um esquema de rachadinha por lá. O miliciano foi homenageado por Flávio, quando este era deputado federal, em 2003. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, o filho do presidente disse ter homenageado Adriano Nóbrega por acreditar  que o policial era injustiçado ao ser acusado "de ter matado um trabalhador que, na verdade, era um traficante". "Resolvi abraçar aquela causa. Até homenageei ele depois como forma de mostrar que acreditava na palavra dele. Ele, agora, está sendo acusado de um monte de coisa. Se ele estiver errado, que a lei pese sobre ele. Como exigir de mim saber de algo que 15 anos depois veio à tona?", respondeu.

Correio da Bahia
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