A farmacêutica AstraZeneca suspendeu os testes de estágio final de sua candidata a vacina contra a covid-19 após uma suspeita de "reação adversa séria" em um participante do estudo. A informação foi confirmada ao UOL. A vacina, que é desenvolvida em parceria com a Universidade de Oxford, é testada no Brasil e em outros países.

"Como parte dos estudos clínicos randomizados e controlados da vacina de Oxford contra o coronavírus em andamento, nosso procedimento padrão de revisão foi acionado e voluntariamente pausamos a vacinação para permitir a revisão dos dados de segurança por um comitê independente. Esta é uma ação rotineira que deve acontecer sempre que for identificada uma potencial reação adversa inesperada em um dos ensaios clínicos, enquanto ela é investigada, garantindo a manutenção da integridade dos estudos", diz o comunicado.

"Em grandes ensaios, os eventos adversos acontecem por acaso, mas devem ser revistos de forma independente para verificar isso cuidadosamente. Estamos trabalhando para acelerar a revisão de um único evento para minimizar qualquer impacto potencial no cronograma do teste. Estamos comprometidos com a segurança de nossos participantes e os mais altos padrões de conduta em nossos testes", acrescenta. 

A Anvisa informou, em nota ao UOL, que já recebeu a mensagem de suspensão das atividades do laboratório e aguarda mais informações sobre os motivos da suspensão.

"O laboratório AstraZeneca anunciou a paralisação do seu estudo global para vacina Covid-19. A decisão foi do próprio laboratório, que comunicou os países participantes sobre sua decisão. A Anvisa já recebeu a mensagem de suspensão enviada pelo laboratório, já que o Brasil é um dos países do mundo que participa do estudo global. A Agência aguarda o envio de mais informações sobre os motivos da suspensão para analisar os dados e se pronunciar oficialmente", declara a Anvisa.

O Ministério da Saúde divulgou uma nota ao UOL reforçando o compromisso em garantir "uma vacina segura e eficaz em quantidade para a população brasileira. O governo informou, ainda, a pausa no estudo indica que "não haverá inclusão, neste momento, de novos participantes", mas que os mais de 18 mil que já foram incluídos seguem sendo estudados. 

Segundo o NYT, um voluntário do estudo teve mielite transversa, que é uma inflamação da medula espinhal e frequentemente desencadeada por infecções virais. Porém, conforme salienta o jornal, não é possível identificar até o momento se a inflamação está diretamente relacionada à vacina da AstraZeneca. A empresa ainda não confirmou qual reação interrompeu os estudos.

O infectologista Julio Croda, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), afirmou para a CNN Brasil que a fundação recebeu a informação de um "evento adverso grave em um paciente do Reino Unido, possivelmente associado a um quadro neurológico". Ele também apontou que o estudo vai atrasar e alertou a população que "não existe uma previsão de iniciar a vacinação". 

O governo brasileiro já acertou um protocolo de intenções que prevê a disponibilização de 30 milhões de doses até o fim do ano e está concluindo as negociações para o pagamento e a assinatura de um acordo final que incluirá também a transferência de tecnologia para produção nacional, que deverá ser conduzida Fiocruz.

A candidata da AstraZeneca e de Oxford utiliza um adenovírus de chimpanzés para apresentar ao sistema imunológico a proteína spike, usada pelo coronavírus Sars-CoV-2 para agredir células humanas. 

Caso a vacina tenha sua eficácia comprovada, a previsão do Ministério da Saúde é produzir, inicialmente, 100 milhões de doses a partir de insumos importados. A produção integral da vacina na unidade técnico-cientifica Bio-Manguinhos, no Rio, deve começar a partir de abril de 2021.

Nove importantes desenvolvedores de vacinas dos Estados Unidos e da Europa prometeram hoje manter os padrões de segurança e eficácia para suas vacinas experimentais apesar da urgência para conter a pandemia do coronavírus. 

As empresas, incluindo a AstraZeneca, a Pfizer Inc PFE.N e a GlaxoSmithKline GSK.L, emitiram o que chamaram de um "compromisso histórico" após o aumento de preocupações de que os padrões de segurança possam ser deixados de lado diante da pressão política para que uma vacina seja aprovada.

As empresas disseram que iriam "manter a integridade do processo científico enquanto trabalham em direção a potenciais conclusões e aprovações globais regulatórias para as primeiras vacinas contra a covid-19". 

As outras signatárias foram a Johnson & Johnson JNJ.N, a Merck & Co MRK.N, a Moderna Inc MRNA.O, a Novavax Inc NVAX.O, a Sanofi SASY.PA e a BioNTech 22UAy.F.

Viva Bem, Uol
Postagem Anterior Próxima Postagem