Uma psicóloga de 29 anos denunciou ter sido vítima de importunação sexual durante uma aula prática de direção, em Manaus. Ela relata que o instrutor ejaculou em suas costas durante o percurso de motocicleta. Após o crime, ele teria mandado mensagem pedindo perdão e oferecendo aulas extras gratuitas.

O caso aconteceu na terça-feira (27) e um Boletim de Ocorrência foi registrado no 20º Distrito Integrado de Polícia (DIP). A vítima é aluna de uma autoescola da Zona Leste de Manaus. A polícia investiga o caso.

O estabelecimento afirmou que aguarda audiência sobre o caso para tomar providências. Em nota, a autoescola também disse que a mulher não possui qualquer vínculo com o local e que o fato ocorreu na esfera pessoal do funcionário. O suspeito não atendeu as ligações da reportagem.

A psicóloga relatou ao G1 que conheceu o instrutor na igreja que os dois frequentam, no Conjunto Cidadão 10, Zona Oeste. Ele ofereceu um pacote, com desconto, para que ela tirasse a habilitação da categoria A (moto) na autoescola onde ele trabalha.

Ainda de acordo com ela, as primeiras aulas ocorreram tranquilamente, mas, na última, o homem a levou para fazer um percurso na Avenida do Turismo, na Zona Oeste.

No caminho de volta, a vítima sentiu que o suspeito tentava se aproximar e chegou a pedir que ele mantivesse distância. Num determinado momento, ela sentiu que sua calça estava molhada na região das costas.

"Quando eu senti que minha calça estava molhada, eu parei a moto e passei a chave pra ele e disse: 'eu não acredito que você fez isso'. Ele ficou perguntando: 'o que foi, amiga? O que aconteceu?' E eu disse: 'Olha a minha calça, está molhada. Você ejaculou em mim'. Ele ficou negando, disse que era coisa da minha cabeça", contou.

Ela disse que, após ser pressionado, ele confessou o crime. "'Me perdoa, me perdoa. Eu não sei o que aconteceu comigo', ele começou a falar, disse que tinha problema com a mulher, que ela não dava conta", desabafou.

Mesmo com medo, a jovem conta que seguiu o percurso até o Centro de Treinamentos do Departamento Estadual de Trânsito do Amazonas (Detran-AM). Junto do marido, a jovem procurou a delegacia.

A calça usada pela mulher no dia foi entregue à polícia para perícia. A Polícia Civil (PC) afirmou, em nota, que o caso está sob investigação no 20º DIP.

Vítima sofreu desconfiança e ameaças

A psicóloga contou que, em posse do Boletim de Ocorrência, procurou a autoescola onde o homem trabalha para cobrar providências sobre a situação. No entanto, segundo ela, foi recebida com desconfiança e ameaças.

"Quando o dono da autoescola chegou ele já veio me atacando, perguntando se eu tinha provas disso, perguntou se eu tinha falado com o meu pastor e eu questionei o que o meu pastor tinha a ver com a história. Segundo ele, eu tinha que ouvir o pastor porque o instrutor tinha uma família e eu não estava pensando na família dele", lembrou.

Ela denunciou, ainda, que foi ameaçada pelo proprietário do local. "Eu contei a situação e ele disse que se eu denunciasse a autoescola, eles iam entrar com um processo contra mim e eu é quem teria que indenizar eles", disse.

O proprietário da autoescola afirmou ao G1 que espera a realização de uma audiência entre a jovem e o suspeito, marcada para o dia 5 de novembro, para tomar providências cabíveis sobre a situação.

"Eu só posso tirar ele da autoescola mediante a comprovação do crime pela Justiça. Eu falei pra ela que se ele errou, vai ficar comprovado. Comprovando, ele pega justa causa", declarou o dono.

Nesta sexta-feira (31), a defesa da autoescola enviou uma nota ao G1 afirmando que a mulher não possui qualquer vínculo com o local e que o fato ocorreu na esfera pessoal do funcionário. A nota também diz que denúncia de que o proprietário teria questionado a denúncia é "indevida".

"Conquanto o denunciado seja funcionário desta autoescola, sua atividade com a denunciante não tem qualquer relação com as atividades desta autoescola, não se utilizava motocicleta desta autoescola, não estavam no local de treinamento destinado ao ensino da prática de dirigir que é no Centro de Treinamento do Detran/AM no Bairro Santa Etelvina e não na Avenida do Turismo, onde ocorreu o fato, segundo a reportagem", explica trecho da nota.

Pedido de desculpas

O instrutor suspeito do crime entrou em contato com o marido da jovem por meio de um aplicativo de mensagens e confessou o crime. O G1 teve acesso ao áudio, no qual ele afirma que tem problemas e que já passou por um episódio semelhante há quatro anos.

"Eu quero te pedir perdão. Se vocês puderem retirar a queixa, porque a qualquer hora eu posso ser preso. Há quatro anos eu tivesse esse mesmo problema, aí aconteceu uma situação dessa e eu estou respondendo um processo. E se eu cair de novo, posso ser preso, posso acabar com a minha carreira por alguns momentos de prazer que o diabo botou na minha mente", disse.

O homem também mandou mensagem para a vítima pedindo perdão e afirmando que o "casamento está por um fio". Ele chegou a oferecer aulas extras gratuitas de direção em troca de seu silêncio.

O G1 tentou contato com o homem por telefone, mas não obteve sucesso.

G1

Comentários

Postagem Anterior Próxima Postagem