Uma eleição sem surpresas. Esse é o resumo do pleito em Salvador, que terminou com uma vitória expressiva do vice-prefeito Bruno Reis (DEM), com mais de 64% dos votos válidos - quase três vezes mais do que a segunda colocada, Major Denice (PT). O resultado consolida o papel do prefeito ACM Neto (DEM) na formação de uma liderança para substituí-lo, algo que ainda não pareceu ser uma característica do governador Rui Costa (PT).

Não dá para dizer que Rui foi o grande derrotado nas urnas soteropolitanas. Ele sabia do peso dele, mas preferiu apostar alto para tentar se cacifar ainda mais politicamente. Não deu certo. A afilhada dele cresceu, mas não o suficiente para forçar um segundo turno. A candidatura petista, de uma pessoa de fora do eixo político, tinha chances praticamente idênticas de dar certo ou errado. A apuração mostrou que a segunda opção superou a possibilidade de um resultado positivo nas urnas.

Bruno Reis fez uma campanha feijão com arroz, sem criar uma expectativa muito maior sobre o favoritismo dele no pleito. É, ao lado do atual prefeito, o vencedor de uma eleição completamente atípica. Ainda assim, o vice construiu um arco de alianças amplo, mordiscou partidos da base do governador e consolidou uma “chapa” de vereadores que o colocou na ponta da corrida eleitoral desde os primeiros instantes.

Talvez o único ponto fora da curva, não previsto nas pesquisas de intenção de voto, tenha sido a chegada de Cezar Leite (PRTB) à frente de nomes mais consolidados, como Olívia Santana (PCdoB) e Hilton Coelho (PSOL). O único candidato bolsonarista na disputa em Salvador conseguiu nadar contra a onda de rejeição ao presidente Jair Bolsonaro e não teve uma votação desprezível - por isso, há algum tempo, falei neste espaço que Rui precisava torcer por Cezar Leite para tentar levar a disputa para o segundo turno.

A vitória de Bruno Reis foi tão acachapante que com cerca de 70% das urnas apuradas já foi possível identificar que a decisão sobre o futuro ocupante do Palácio Thomé de Souza sairia no primeiro turno. Tanto que Denice fez um pronunciamento reconhecendo a derrota, frente ao silêncio do padrinho dela, que optou por não falar publicamente sobre o resultado. A candidata, nesse sentido, não sai tão diminuta quanto o resultado das urnas.

A esquerda soteropolitana não conseguiu ameaçar a soberania na cidade do principal adversário político do PT na Bahia, o prefeito ACM Neto. Ainda que nas últimas eleições nacionais e estaduais a capital baiana tenha dado expressivas votações ao petismo, ACM Neto será um “calo” para o futuro. Bruno Reis é apenas uma pequena pedra no caminho.

Bahia Notícias

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