Por Robson Guedes - O cenário da pandemia em Jacobina mudou drasticamente em dois meses. Os dados epidemiológicos mostram o avanço acelerado e descontrolado no número de pessoas infectadas, na quantidade de casos ativos e mortes decorrentes da Covid-19 no município.

Ao circular pela cidade, seja no centro ou bairros periféricos, a visão que se tem é de que o pior momento já passou e que estamos superando os males causados pelo novo coronavírus. Praças e bares cheios de pessoas, aglomerações por toda parte, o trivial da vida noturna pode até criar em alguns uma sensação de que tudo está bem. Ledo engano! 

Sim, estamos no momento mais crítico da pandemia. Isso se reflete nos pontos de testagens e, principalmente, na unidade de saúde para onde os pacientes mais graves são levados. No Hospital Regional Vicentina Goulart – que se tornou um Centro de Referência no tratamento da Covid-19 – as 10 Unidades de Terapia Intensiva (UTI) atendem a toda microrregião de Jacobina, mais de 17 municípios e uma população estimada em quase 300 mil pessoas. Por alguns dias, a UTI esteve com 100% de ocupação.

O Jacobina Notícias reuniu dados que mostram uma escalada dramática no número infectados e mortes em apenas dois meses.

A aproximadamente um mês das eleições, precisamente no dia 6 de outubro, Jacobina tinha 806  casos acumulados do novo coronavírus, 619 recuperados, 95 casos ativos e contabilizava 10 óbitos decorrentes da Covid-19 (veja aqui). Duas semanas depois, os números alertavam para o que estava por vir. Exatamente no dia 20 de outubro, o boletim trazia a marca de mil casos da doença, 213 pacientes ativos e 11 mortes (relembre aqui). Quatro dias depois, em 24 de outubro, já eram 252 casos ativos. Oito dias depois, em 02 de novembro, o município lamentava mais duas mortes, de um homem e uma mulher, ambos com 64 anos, que perdiam a luta contra a Covid-19 no Hospital Regional (leia aqui). Àquela altura, Jacobina registrava 1.278 casos acumulados, 363 ativos e 13 óbitos.

No dia 11 de novembro, a quatro dias das eleições municipais, o fim da relativa calmaria em relação à Covid, ao menos nos dados divulgados no boletim. Pelas ruas da cidade, os números pereciam irrelevantes, pois seguiam normalmente as aglomerações, carreatas, campanhas e, certamente, a disseminação do coronavírus. A atualização do boletim daquele dia trazia a confirmação de 81 casos positivos em apenas 24 horas, a somatória de quase 1.500 casos acumulados e 373 ativos (veja aqui). 

Uma semana após as eleições, no dia 22 de novembro, a nova realidade do município de Jacobina quanto ao vírus: 160 casos em um espaço de nove dias, com uma média diária de 20,1 pessoas infectadas, 1.600 acumulados e 406 ativos (leia aqui). Uma semana depois, mais uma morte, uma idosa jacobinense de 78 anos (leia aqui). 

No dia 29 de novembro, o médico Leandro Oliveira, que é diretor do Hospital Regional, chocou a população ao trazer à tona a realidade dramática da unidade. Em um pronunciamento emocionante, o médico citou o "relaxamento" dos cuidados e a necessidade da "conscientização da população", e destacou que "somos responsáveis pelo aumento da incidência e sobretudo pela mortalidade" (relembre aqui). Os leitos de UTI, à época, estavam com 100% de lotação e haviam pessoas precisando ser intubadas.

Dois dias depois, mais um choque, ao menos deveria ter sido. Jacobina registrava, no dia 02  de dezembro, 129 casos de Covid em 24 horas, quase 2 mil casos acumulados, 513 pacientes ativos e 14 mortes. A ocupação dos leitos de UTI era de 90% (veja aqui). 

Nos dias 04 e 06 de dezembro, mais três pessoas perdiam a luta contra a doença: o odontólogo Wellington Lopes, 54 anos, e dois idosos, de 68 e 82 anos, que não tiveram os nomes divulgados, faleceram no Hospital Regional. Esposa do dentista, a enfermeira Cacilva Miranda Bruno Lopes, 45 anos, também seria vítima da doença dez dias depois (veja aqui).

No dia 09 de dezembro, os casos continuavam subindo, 121 pessoas testaram positivo em apena 24  horas, os acumulados eram 2.415 e haviam 841 ativos. Os óbitos eram 17 (veja aqui).  Dois dias depois, luto na imprensa. O radialista Angel Rosa, 50 anos, falecia por complicações da doença (leia aqui).

Conforme a atualização feita nesta terça-feira (15) pela Secretaria Municipal da Saúde, Jacobina tem 989 casos ativos da doença: 975 em isolamento domiciliar e 14 internados. O total acumulado desde o início da pandemia é de 2.730, com 1.446 recuperados. Há ainda 359 pessoas aguardando resultados de exames do laboratório Central de Saúde Pública (Lacen), e 19 pessoas morreram em decorrência da Covid-19 no município.

A taxa de ocupação de leitos de UTI é de 70%. Das 10 vagas, 04 são ocupadas por pacientes de Jacobina, 01 de Mirangaba, 01 de Caém e 01 de Capim Grosso. 

Em dois meses, Jacobina saltou de 800 casos no total acumulado de Covid-19 para quase mil de apenas casos ativos.

Fonte: Jacobina Notícias

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