Mais de 500 pessoas fizeram adequação de nome e gênero no mutirão da Defensoria Pública da Bahia. No total, foram 508 inscrições de pessoas trans, sendo 293 assistidos atendidos em Salvador e 215 no interior do estado.

O mutirão foi iniciado no Dia Nacional da Visibilidade Trans, 29 de janeiro, e encerrou na última sexta-feira (5), e teve como objetivo proporcionar o acesso à Justiça para pessoas que desejavam modificar o nome civil em conformidade com o gênero que se reconhece.

Entre os inscritos no mutirão na capital baiana estava o estudante de Letras, Aladdin Andrade, 20 anos, que soube da iniciativa por meio de uma postagem no Instagram da Defensoria encaminhada pela sua psicóloga particular. Após receber a assistência da Instituição, o jovem solicitou ao cartório a certidão retificada na sexta-feira (5), e na segunda-feira (8), já estaria disponível para retirada.

“Fiquei pensando na certidão o final de semana todo. Quando peguei meu documento, parecia que era um sonho, que não era real. Fiquei o dia inteiro olhando a certidão, toda hora olhava no caminho do cartório pra casa. Uma das melhores sensações foi quando eu assinei um documento com meu nome retificado”, conta.

Aladdin Andrade conta que nunca se sentiu pertencente ao gênero registrado em seu nascimento. Também não se sentia completamente confortável em utilizar o nome que constava em seu registro civil, apesar das tentativas, por tê-lo recebido em homenagem a sua avó. Então, começou a adotar o nome como um apelido, devido ao receio de oficializar a alteração. No entanto, somente em 2019, quando descobriu um universo não cis-normativo, teve a certeza de que deveria fazer a adequação.

Aladdin destaca que nem todas as pessoas respeitam o nome social e que ainda existem barreiras que ele não ultrapassa, a exemplo da assinatura dos documentos. “Agora mesmo, estou procurando estágio ou emprego e estava complicado colocar nome social em currículo e levar documentos com outro nome na hora da entrevista, ou me cadastrar em sites que só permitiam colocar o nome que havia no registro civil. Eu acho muito bacana que a Defensoria faça esses mutirões, pois é muito importante que tenhamos nosso nome na documentação, que é mais um dos direitos que são dificultados para pessoas trans. Felizmente o processo do mutirão é bem ágil. Algo que demoraria meses eu consegui fazer em uma semana”, afirmou.

No mutirão deste ano, o atendimento foi realizado pelo Whatsapp e foi ampliado para todo o estado. A Defensoria também firmou uma parceria com o Centro de Promoção e Defesa dos Direitos LGBT da Bahia, de onde vieram 39 inscrições, já com a documentação dos assistidos, para que a Instituição fizesse o encaminhamento para os cartórios. O atendimento é feito o ano todo pela Defensoria Pública, através da Especializada de Direitos Humanos.

Bahia Notícias

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