Após sete anos anos de espera, um gay casal do Distrito Federal finalmente realizou o sonho de completar a família. O empresário Antônio Cunha, 37 anos, conhecido como Tony, e o bancário Rafael Trovão, 32, adotaram a pequena Luciana, de 8 meses.

Os dois homens planejavam adotar uma criança desde que começaram o relacionamento, mas deram entrada formal do pedido há quatro anos, junto à Vara da Infância e da Juventude do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT). O sonho de ter um filho foi realizado em 9 de setembro.

É difícil descrever a sensação. Eu e Rafael já éramos muito felizes, temos uma vida confortável, construímos nosso patrimônio, viajamos, mas [ter um filho] é outro patamar, é uma felicidade que não tem tamanho, afirmou Antônio.

“Adotar uma criança é maior que a gente, é algo que transcende. A gente se apaixonou pela Lu por meio da foto que a psicóloga mostrou para a gente. A gente tá aí, é um amor incondicional, é maior que tudo mesmo”, sintetizou o pai.

Processo

Para adotar uma criança, é preciso cadastrar-se no Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento (SNA). As famílias podem indicar preferências, como idade e sexo.

Atualmente, a capital do país tem 556 famílias cadastradas no SNA e 150 crianças e adolescentes à espera de um lar. A discrepância entre o número de pais e os pequenos disponíveis para adoção ocorre devido à divergência entre as preferências.

Segundo a Vara de Infância, 80% dos requerentes buscam filhos com menos de 5 anos de idade e que não tenham nenhum irmão. Enquanto a maioria das crianças está na infância tardia ou tem algum problema de saúde.

“Não optamos nada, nem cor, nem sexo, nada disso, só estipulamos limite de idade”, disse Antônio. Ainda segundo o pai, a bebê veio de uma família desestruturada, em que a mãe é viciada em drogas e teve outros 9 filhos.

“Depois você faz um curso obrigatório, demora mais ou menos 3 meses, nesse curso a gente é avaliado por uma banca de psicólogos, que aprova ou não o nosso perfil”, explicou Antônio. De acordo com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), há nove passos que todo adulto precisa cumprir para adotar uma criança.

São eles:

  1. Decisão de adotar e entrega de documentos;
  2. Análise dos documentos;
  3. Avaliação da equipe interprofissional;
  4. Participação de programa de preparação para adoção;
  5. Análise de requerimento pelo juiz;
  6. Ingresso no Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento;
  7. Busca pela nova família;
  8. Estágio de convivência;
  9. Efetivação da nova família.

No momento, Antônio e Rafael estão com a guarda provisória para fins de adoção, logo antes da efetivação. Assim, os novos pais planejam o futuro. Os dois pretendem comprar uma chácara a fim de dar mais espaço para a filha brincar.

Além disso, eles planejam adotar mais dois meninos, que pretendem chamar de João e Bernardo. Os nomes dos pequenos são um tributo a familiares do casal. “Luciana foi uma homenagem à mãe do Rafael. João é uma homenagem ao meu pai. Bernardo foi um nome que a gente entrou em consenso”, explicou Tony.

O empresário manda um recado para aqueles que pensam em constituir família por meio de adoção:

É uma decisão muito importante. Se você está numa relação fortalecida e com planos de construir uma família, não pense muito. É um processo longo e muito difícil. Mas vale muito a pena. O bom é que você terá muito tempo para se preparar para receber seus filhos, ponderou.

Por Celimar de Meneses / Metrópoles

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