O vereador e presidente da Comissão Especial de Acompanhamento da Retomada dos Eventos de Salvador, Claudio Tinoco, falou sobre o prazo dado para a realização do carnaval de 2022. Nesta quinta-feira (18), faltam 97 dias para a data do feriado da festa.

No dia 11 de novembro, o Conselho Municipal do Carnaval (Comcar) fez uma assembleia e a maioria votou a favor de retomar a festa no próximo ano. Desde então, representantes da comissão e do conselho têm pressionado o prefeito Bruno Reis e o governador Rui Costa para que definam se haverá a realização do carnaval.

“Deixamos muito claro no primeiro relatório da comissão que um prazo razoável para a definição do carnaval seria 15 de novembro. Essa data foi definida em 19 de outubro, quando fizemos uma audiência pública com representantes do poder público e da iniciativa privada”, disse Tinoco.

"Eu, que tive a experiência de durante oito anos estar à frente da gestão do carnaval, tenho certeza que esse prazo já expirou. Agora é verdade que a gente tem que acreditar na palavra do prefeito e do governador, que admitem que no tempo certo, na visão deles".

Segundo o vereador, a comissão especial considera que o prazo foi razoável para que as providências de realização da festa fossem tomadas.

“Não só do ponto de vista do poder público – como licitações, contratos e ordens de serviço –, assim como também a possibilidade de operação. São 15 mil homens e mulheres da Polícia Militar, que são deslocados para a capital durante o carnaval. Toda essa programação precisa ser feita com antecipação, assim como o conteúdo privado, não só de blocos e camarotes, que têm a necessidade de captar patrocínio, para colocar o bloco na rua”.

Tinoco também disse que o prefeito e o governador terão que responder à sociedade sobre o carnaval e avaliou que os dois terão que correr contra o tempo para preparar a folia.

"Nós temos ouvido o prefeito Bruno Reis dizer que vai decidir no fim de novembro, e o governador Rui Costa dizer que não tem prazo, cabe a eles dar essa resposta à sociedade soteropolitana. Nós estamos aqui diante de uma questão que quem tem que resolver é o prefeito e o governador. E o governador é quem não traz, de forma objetiva, nem um prazo e muito menos as condições, os parâmetros e indicadores das taxas que são necessárias do ponto de vista da questão de saúde sanitária".

“A cada dia nós perdemos uma oportunidade de preparar essa festa, se tiver condições sanitárias para que ela ocorra. A pandemia está sob controle".

Diferentemente do que afirmou Tinoco, o governo do estado, por meio da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab), estabeleceu parâmetros para definição, como o avanço da vacinação no estado e da redução do número de casos ativos.

"O ideal é que estivéssemos abaixo de 1,5 mil casos ativos, ou seja, ter uma curva decrescente. Quanto menos pessoas adoecidas, a gente sabe que tem menos espalhamento do vírus", pontuou a secretária Tereza Paim, à época.

Logo após o anúncio do Comcar, a prefeitura também se manifestou. Segundo Bruno Reis, é preciso analisar os números de vacinação, casos ativos, fato RT e quantidade de óbitos.

"Defendo que a gente possa anunciar a realização do carnaval condicionado a esses números, mas se chegar em fevereiro e não puder ser realizado, adia para outra data que seja mais oportuna e conveniente", ponderou o prefeito no dia 11.

'Não aceitarei ultimato'


No dia 10 de novembro, um dia antes da assembleia do Comcar, o governador Rui Costa se manifestou e disse que não aceitará "ultimato de ninguém", para tomar a decisão sobre a realização de carnaval da Bahia.

O posicionamento ocorreu depois que a comissão dos vereadores aprovou um relatório com onze recomendações para que a festa aconteça na capital baiana, antes mesmo do prazo estabelecido para a definição, que era o dia 15 de novembro.

"Se eu anunciar hoje: 'terá carnaval'. E em dezembro os casos explodem, eu vou ter que cancelar. Aí, vou receber várias críticas, e o estado será processado por milhares de pessoas dizendo: 'O governador anunciou que ia ter carnaval, eu fiz contratos e eu quero a indenização pelo meu prejuízo'. Do mesmo jeito que, se eu anunciar: 'Não vai ter carnaval', e lá para dezembro os números caírem de forma drástica... Por que não fazer o carnaval?", disse Rui à época.

"Nós podemos fazer, mas depende de os números darem segurança para a gente tomar a decisão".

Os números de segurança, no entanto, não foram divulgados ainda pelo governador, que disse respeitar as pessoas que investem no carnaval, gerando emprego e renda para a atividade econômica da Bahia, mas defendeu a cautela para realização da festa.

Recomendações dos vereadores de Salvador para a realização do carnaval

  1. Anúncio conjunto pelo Prefeito Municipal de Salvador, Bruno Reis, e pelo Governador do Estado da Bahia, Rui Costa, até o próximo dia 15 de novembro de 2021, da realização do Carnaval 2022;
  2. Definição e divulgação conjunta pelo Município e pelo Estado de quais serão os indicadores da pandemia que deverão ser monitorados, com os seus respectivos valores históricos e a serem alcançados, para uma eventual decisão de não realização do Carnaval 2022, em virtude de risco à população pela pandemia do Covid-19;
  3. Instalação, em caráter excepcional e até o final do Carnaval 2022, do funcionamento do COMCAR e da Coordenação Executiva do Carnaval como instâncias de observação e acompanhamento dos indicadores da pandemia citados no item anterior;
  4. Exigência da comprovação da imunização com a segunda dose da vacina contra o Covid-19, por parte das empresas que comercializam blocos e camarotes, de todos os clientes e trabalhadores;
  5. Exigência da comprovação da imunização com a segunda dose da vacina contra o Covid-19, por parte da Prefeitura e do Governo, de todos os servidores, inclusive temporários, bem como de todas as pessoas envolvidas nas contratações artísticas e de serviços. Além de todas as pessoas licenciadas para se apresentarem ou trabalharem no Carnaval 2022, inclusive os ambulantes;
  6. Análise conjunta pela Prefeitura e pela Polícia Militar da viabilidade de utilização das barreiras de controle de acesso aos circuitos como portais de verificação da comprovação da imunização com segunda dose dos foliões;
  7. Articulação com os órgãos de controle sanitário federal para monitoramento do fluxo de turistas no aeroporto e no porto de Salvador;
  8. Redução do número de dias do Carnaval 2022, que deverá ocorrer, no máximo, durante sete dias, da quarta-feira (23 de fevereiro de 2022) até a terça-feira (1º de março de 2022);
  9. Análise da viabilidade de conteúdos com menor adensamento e impacto, como o Fuzuê e o Furdunço, serem deslocados para a programação desses dias;
  10. Realização pela Prefeitura de Salvador de concurso público para definição do Tema e da Logo para o Carnaval 2022, com motivação para homenagem a todas as vítimas do Covid-19 no mundo, a todos os profissionais da saúde e à vida;
  11. Ampliação da capacidade de público nos eventos com vendas de ingressos e presença de público maior que 5.000 pessoas e até o limite da capacidade máxima dos locais dos eventos.

Fonte: g1

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