Raios-X, tomografias e informações sobre a arcada dentária têm ajudado na identificação dos corpos, afirmou a titular da Delegacia de Descoberta de Paradeiros (DDPA), Elen Souto, à frente desse trabalho no município de Petrópolis, região serrana, devastado pelas chuvas nesta semana. São mais de 130 mortos e 200 desaparecidos.

Na sexta-feira (18/2), a Polícia Civil informou que, em 24 horas, a quantidade de desaparecidos cresceu de 116 para 218.

“Os números subiram muito. Estamos focados agora na verificação de compatibilidade entre as características dos desaparecidos e as dos cadáveres não identificados. Vivemos uma fase em que os corpos começam a ser retirados em avançado estado de composição, o que inviabiliza a identificação por meio de digitais”, explicou Elen.

A delegada alerta que as famílias podem ajudar no processo apresentando exames. “A perícia técnica tem condição de identificar alguém por meio de raios-X e odontogramas [diagrama gráfico em que ficam marcados todos os dentes do paciente]. É importante que as famílias possuam algum raio-X ou tomografia ou indiquem os dentistas das vítimas. Em último caso, é pedido o DNA”, informou.

Digitais em 48 horas

De acordo com o Nelson Massini, professor titular de Medicina Legal da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), é possível em grandes catástrofes conseguir retirar as digitais dos corpos nas primeiras 48 horas.

“Depois fica muito difícil. Daí partimos para as características, como tatuagem, altura, exames, uma espécie de inventário com dados também fornecidos pela família para conseguir a identificação”, esclareceu Massini.

Na sexta-feira (18/2), familiares se aglomeravam na porta do Instituto Médico Legal (IML) de Petrópolis em busca de informações sobre os mortos.

“O grande problema é que não há plano de contingência para grandes catástrofes. Por exemplo, deveria ter se criado uma estrutura fora do IML de Petrópolis com caminhão frigorífico para a identificação dos cadáveres. Isso porque a questão não é a causa morte, mas a identificação. Não há falta de pessoal, mas planejamento”, opinou Massini.

Abrigos e igrejas

Para localizar as famílias de desaparecidos durante as chuvas, equipes da Delegacia de Descoberta de Paradeiros (DDPA) estão percorrendo abrigos. “Muitas pessoas ainda estão abrigadas e têm entes desaparecidos. Então, a Polícia Civil está indo ao encontro delas nas escolas municipais e igrejas que estejam servindo de abrigo para aqueles que perderam tudo”, afirmou Elen Souto.

Nessa sexta-feira (18/2), a Polícia Civil lançou o Portal de Desaparecidos. O funcionamento do programa acabou antecipado para atender Petrópolis. O sistema foi desenvolvido pela Secretaria de Polícia Civil do Rio.

Para que imagens e informações sobre pessoas desaparecidas sejam disponibilizadas, é necessário que se faça o registro de ocorrência em qualquer delegacia física ou por meio do site da Polícia Civil do Rio de Janeiro.



Fonte: Metrópoles / Fotos: Aline Massuca

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