Vem chegando o verão, um calor no coração... e, para rimar, só mesmo uma canção. Uma olhada nas mais recentes paradas semanais, tanto a do YouTube quanto a do Spotify, confirma: "Zona de Perigo", de Leo Santana, é a música do Carnaval de 2023 e - acrescido o feito de ter chegado ao número 11 do Top global do Spotify - também a deste verão que se encaminha para o seu fim. Concorrentes não faltaram para esse sempre disputado posto.

O arrocha do baiano vem seguido, nas listas, da gravação que a goiana Marília Mendonça (1995-2021) fez (e que foi lançada postumamente) de "Leão", uma composição do astro carioca do trap Xamã - uma junção de artistas de diferentes estilos, mas muito populares, que costuma render pelo inusitado e pelo apelo combinado a dois públicos distintos.

No mais, tem trap com sertanejo e piseiro (o "Facilita aí", de Zé Felipe"), a novidade do agronejo de Ana Castela, com diferentes feats (em "Bombonzinho" e "Roça em mim" e "Nosso quadro") e muito trap puro - um fenômeno que chegou há alguns anos e, ao que parece, veio para ficar - com o cearense WIU, que emplacou "Coração de gelo", "Felina" (com Ryan SP) e "Flow espacial" (com Matuê e Teto).

Nem sempre o hit de verão foi assim, digamos, tão variado e com cara de aleatório. Em outros tempos, eram tão somente marchinhas e frevos, lançados com calculada antecedência, que cuidavam de cativar os ouvintes, com ritmos animados, alguma preciosa melodia e letras que eram bem-humoradas crônicas. E tudo a tempo do carnaval, que é a razão de ser do verão no Brasil.

Depois, vierem o rock, o axé, o funk, o pagode, o forró eletrônico, o pop-sertanejo e toda uma era digital, de arquivos sonoros, que colaborou para aumentar a vida útil das músicas para além da sua permanência nas programações de rádio e de TV – fatores que reinventaram a forma com que o brasileiro se conecta com o som que vai acender o seu ânimo em dias de sol, mar, cerveja, festa e amor sem compromisso.

De repente, em 2001, todo mundo estava dançando o “Cerol na mão”, uma novidade do funk carioca, criada pelo Bonde do Tigrão (da Cidade de Deus) e formatada pelo DJ Dennis. Era uma época em que as músicas começavam a circular pela internet em arquivos de mp3, o que possibilitou, mais tarde, o surgimento de outros hits de verão, de diversos estilos e procedências, como “Coração” (de Rapazolla, quem lembra?), “Já sei namorar” (Tribalistas) e a “Dança do créu” (MC Créu).

A partir dos anos 2010, com a popularização do YouTube, as coreografias passaram a ser decisivas na receita do candidato a sucesso da estação. E vieram o “Rebolation” (do Parangolé, ex-banda de Leo Santana), “Ai se eu te pego” (de Michel Teló, que estourou também na Europa) e “Lepo lepo” (do Psirico).

A atual década trouxe a combinação explosiva do carisma dos artistas nas redes sociais, com a das músicas nas plataformas globais de streaming e das dancinhas e desafios no TikTok que – um mecanismo complexo, imprevisível, mas de resultados muito rápidos, como o que levou “Zona de perigo” do carnaval às paradas globais.

As paradas do Carnaval de 2023

Top 10 YouTube semanal

  1. Leo Santana - "Zona de perigo"
  2. Marília Mendonça - "Leão"
  3. WIU - "Coração de gelo"
  4. Zé Felipe, Ana Castela e Luan Pereira -"Roça em mim"
  5. Zé Felipe "Facilita aí"
  6. MC Tato e DJ AK Beats - "Luz do luar"
  7. Wesley Safadão e Alanzim Coreano - "Pega o Guanabara"
  8. SONY NO BEAT & Felupe - "Parecia Tempestade (feat. MC Danny)"
  9. WIU & MC Ryan SP - "Felina"
  10. AgroPlay & Ana Castela - "Nosso Quadro"

Top 10 Spotify semanal

  1. Leo Santana - "Zona de perigo"
  2. Marília Mendonça - "Leão"
  3. Zé Felipe "Facilita aí"
  4. Israel Rodolffo e Ana Castela - "Bombonzinho"
  5. WIU - "Coração de gelo"
  6. Gustavo Mioto e Mari Fernandez - "Eu gosto assim"
  7. MC Tato e DJ AK Beats - "Luz do luar"
  8. Teto, WIU e Matuê - "Flow especial"
  9. Maiara e Maraísa - "A culpa é nossa"
  10. Henrique e Juliano (Traumatizei)

Por O Globo

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