Dizem que a mineração é a mais agressiva das atividades humanas. Em busca do alvo, sempre se lasca a terra e suas rochas. Mas também é essencial. Do jeito que a sociedade é social e tecnologicamente configurada, como diria o poeta, minerais são fundamentais.

Antes e agora, o mais cobiçado dos minerais é o ouro, tido e havido como símbolo de força e poder. Não por acaso, Jacobina, no extremo norte da Chapada Diamantina, a grande produtora de ouro da Bahia e a líder da produção mineral no Estado, fez no Sábado de Aleluia, a Caminhada da Luz, uma romaria rumo à Serra do Cruzeiro.

Se a Bahia é o 1º do Brasil em ouro (36%), também lidera em cobre (19%) e níquel (13%), sem falar em outras preciosidades como quartzo e diamantes. Mas Antônio Carlos Tramm, o presidente da Companhia Bahiana de Pesquisas Minerais (CBPM) que se despede, apesar da bem sucedida passagem pelo setor, diz que isso vai mudar.

Resíduos — Diz Tramm que a Bahia hoje é o 3º do país em produção mineral, atrás do Pará e de Minas Gerais, e que a Bahia em 2018 pesquisava, em análises de laboratório, 6 toneladas de terras por ano, em 2021 já foi 21 mil e ano passado 27 mil.

Nesse embalo, no norte do estado envolvendo os municípios de Campo Alegre de Lourdes, Remanso e Pilão Arcado, um nicho de 100 km com ferro, fosfato, níquel, vanádio, cobre e cobalto, uma fatia que vai reconfigurar o mapa da mineração baiana, hoje centrado em 11 municípios, entre eles Juazeiro, Brumado, Maracás, Itagibá e Jaguarari, além de Jacobina. 

Tramm faz duas ressalvas. Uma, na busca de minimizar os efeitos da agressividade mineral, os encontros para a discussão sobre o que fazer com os resíduos se sucedem. Noutra, ponta, se o cenário que se vislumbra para o futuro é positivo, esbarra num grande entrave que a Bahia enfrenta, o abandono da malha ferroviária da Ferrovia Centro Atlântica, administrada pela VLI, mais de mil quilômetros, completamente abandonada.

— Alguns não gostam, mas é isso aí. O descaso com as ferrovias baianas nos dá um enorme prejuízo. Não dá para tirar minério daqui e exportar lá pelo Ceará.

Fiol —Todavia, Tramm alerta que a Fiol está vindo aí. Logo de cara, bota Caetité, com a exploração do ferro pela Bamin, no mapa. O Porto Sul, em Ilhéus, será o desaguadouro também do que virá ao longo dos 600 quilômetros entre Ilhéus e Caetité e os mais de 500 entre Caetité e o oeste baiano.

Seja como for, convém lembrar que tanto em Caetité com as ametistas como em Campo Formoso com as esmeraldas, os sucessores de Tramm vão ter muito mais o que fazer.

Por Levi Vasconcelos / Fonte: A Tarde / Foto: Jacobina Notícias

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