Cinco homens morreram em confronto com policiais militares, entre o início da noite de quarta-feira (8) e a manhã desta quinta (9/11), em Salvador, Queimadas, no norte da Bahia, e Cruz das Almas, no recôncavo. Armas, drogas, dinheiros e colete à prova de balas foram apreendidos nas ações e nenhum dos mortos tiveram nomes divulgados.

O primeiro caso foi registrado na capital baiana, no bairro da Fazenda Grande do Retiro. De acordo com a Polícia Militar (PM), uma equipe fazia patrulhamento na Avenida Bernardo Spector, quando encontrou um grupo de homens armados. Esses suspeitos teriam disparado contra os policiais, que revidaram.

A PM disse que depois da troca de tiros, um dos homens foi encontrado baleado, mas não detalhou o que aconteceu com os outros suspeitos. O ferido foi levado para o Hospital Geral Ernesto Simões Filho (HGESF), porém, não resistiu.

O caso foi registrado no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), para onde foram levadas uma pistola, carregador, munições, 62 pedras de crack, 37 porções de cocaína, 45 frascos de lança-perfume, além de outros materiais usado no tráfico de drogas.

Caso em Queimadas

O segundo caso, em Queimadas, seguiu um enredo semelhante. Conforme a PM, o homem estava em atitude suspeita, que não foi descrita, e os policiais tentaram abordá-lo. Este homem teria atirado contra os agentes, que também reagiram.

Assim como na capital, os militares encontraram o homem caído ao chão, e o levaram para um hospital – neste caso, o Hospital Municipal de Queimadas. Lá, um médico atestou a morte. A situação foi registrada na Delegacia de Senhor do Bonfim, também no norte, a cerca de 85 km do município.

A polícia disse que foram encontrados com o suspeito um revólver, cartuchos, dois estojos, 45 papelotes de cocaína, 27 pedras de crack, 200 maconha e R$ 30 em dinheiro.

Cruz das Almas

Em Cruz das Almas, no recôncavo, três homens também foram mortos por policiais na manhã desta quinta (9). A corporação informou que eles eram suspeitos de tráfico de drogas e estariam armados, junto com outros, no bairro Banguela.

Esse grupo teria atirado contra os policiais, que revidaram. Depois disso, os três foram encontrados feridos no chão, levados para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Cruz das Almas, contudo, não resistiram aos ferimentos.

Uma pistola, uma submetralhadora, um revólver, 62 porções de maconha, 119 pedras de crack, cinco celulares, três rádios comunicadores e R$ 860 em dinheiro foram apreendidos e levados para a Delegacia de Cruz das Almas, junto com outros materiais.

Adolescente morto por policiais

As mortes em confrontos policiais têm ocorrido com frequência na Bahia. Um dos casos recentes foi registrado no subúrbio de Salvador. No dia 29 de outubro, um adolescente de 17 anos foi morto enquanto pilotava a própria moto, que ele usava no trabalho de entregador de pizza.

As versões da família e da Polícia Militar são divergentes. Familiares de José Adriano Ferreira afirmam que ele voltava para uma festa de aniversário, após sair para comprar cerveja, no momento em que os policiais atiraram.

O adolescente foi morto em frente a um terreiro de candomblé, e uma cadela que estava próxima dele também morreu. A família sustenta que, além de trabalhar em uma pizzaria, o adolescente estudava e não tinha envolvimento com crimes.

A PM, no entanto, diz que José Adriano estava com outro homem, ambos armados na motocicleta. Ainda conforme a polícia, eles teriam atirado ao verem os agentes. O adolescente foi socorrido para o Hospital do Subúrbio e morreu. O outro suspeito teria fugido, e ele nunca foi encontrado.

Revoltados com a versão da PM, familiares e amigos de José Adriano fizeram um protesto no dia 30 de outubro, na Estrada Velha de Periperi, em um trecho próximo à Nova Constituinte, para cobrar justiça e explicações.

Vigilante assassinado

Dez dias antes da morte de José Adriano, um vigilante de 43 anos também foi assassinado em Salvador. Na versão da corporação, Weliton Bastos Oliveira, de 53 anos, foi baleado em um suposto confronto entre policiais militares e um grupo criminoso.

A família de Weliton, no entanto, sustenta que os policiais chegaram no bairro atirando, e que não houve confrontos no local. A PM disse que apreendeu uma pistola com o vigilante – informação que também foi contestada.

Segundo os familiares, Weliton conversava com um amigo na porta da casa em que morava. O vigilante deixou três filhos, um deles recém-nascido. Quando foi levado para o Hospital Geral do Estado (HGE), pelos policiais, Weliton estava com um ferimento na perna.

No momento em que os familiares chegaram na unidade de saúde, descobriram que o vigilante também tinha um machucado na cabeça e estava morto. O caso é investigado pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), onde a ocorrência foi registrada.

Casos em outubro

No dia 31 de outubro, três homens foram mortos em confronto com a PM na cidade de Candeias, na Região Metropolitana de Salvador (RMS). A troca de tiros aconteceu em uma região conhecida como Canal de Tráfego.

De acordo com a Polícia Civil, o confronto ocorreu durante rondas dos PMs. Os agentes teriam sido recebidos a tiros na localidade e revidaram.Os três homens, que não tiveram as identidades divulgadas, foram socorridos para o Hospital Ouro Negro, mas não resistiram aos ferimentos. Com eles, foram apreendidas três armas de fogo, conforme a polícia.

Em outubro, pelo menos 28 pessoas morreram em confronto com policiais na Bahia, conforme reportagens publicadas no g1 durante o período. Somente na primeira semana do mês, 16 pessoas morreram em confronto com a polícia na Bahia. Além de Salvador, as mortes foram registradas em diversas cidades do interior.

De acordo com a Polícia Civil, em todos os casos as pessoas mortas eram suspeitas de integrarem facções criminosas. Um deles era suspeito de participar da morte do policial federal Lucas Caribé, morto no bairro de Valéria, em setembro.

Já em setembro, Salvador e a região metropolitana registram, juntas, mais que o triplo de mortes em confrontos com policiais do que Rio de Janeiro e Recife. A informação foi divulgada pelo Instituto Fogo Cruzado, que faz mapeamento da violência armada.

Fonte: g1

Comentários

Postagem Anterior Próxima Postagem