Viajar é uma oportunidade única, tão aguardada pelas pessoas que chegam até a enfrentar desconfortos como assentos apertados, malas atrasadas, filas longas e temperamentos explosivos.

Estima-se que 34,4 milhões de voos estavam programados para decolar este ano e a maioria deles ocorreu perfeitamente.

Apesar de problemas na pista ou na decolagem serem mais comuns, como o avião que bateu a cauda em Recife ou o avião da Gol que afundou em Congonhas, algumas das viagens de 2023 enfrentaram obstáculos menos casuais.

Bagagens inusitadas

Ao preparar a mala para viajar, a regra é clara: nada de itens inflamáveis, nada de lâminas longas e nem recipientes de líquido com volume superior a 100 ml.

No entanto, continua a haver passageiros que desrespeitam as regras de bagagem de mão e despachadas – alguns de forma mais extravagante do que outros.

Por que ser pego com uma faca ou arma de fogo comum quando você pode ser parado com uma clava irlandesa ou um “canudo de vampiro” (um canudo de titânio com uma ponta pontiaguda)?

Se isso ainda não surpreende, houve também o caso de uma mulher norte-americana presa em Sydney com uma arma não declarada banhada a ouro de 24 quilates na bagagem.

Outra proibição clara é de transportar materiais de origem animal contrabandeados, estejam eles vivos ou não.

E, no entanto, caracóis africanos gigantes e um crânio de golfinho estavam entre os itens confiscados no Aeroporto Metropolitano de Detroit este ano, enquanto a alfândega apreendeu uma caixa de cocô de girafa em um aeroporto de Minnesota.

Quando o avião nem decola

Sempre verifique se você tem tudo o que precisa antes de viajar. Para os pais, isso significa não abandonar o bebê no balcão de check-in, como fez um casal em Tel Aviv, Israel, em fevereiro.

E para a tripulação, geralmente significa não deixar os passageiros na pista vendo o avião decolar, como aconteceu em Bengalaru, na Índia; ou decolar com passageiros, mas esquecer da bagagem despachada, como foi o caso em Zurique, na Suíça.

Ainda assim, se você ficar atrasado no solo por tempo suficiente, sua sorte pode ocasionalmente mudar para melhor. Em junho, um homem da Carolina do Norte esperou um atraso de 18 horas e acabou em um voo exclusivo só para ele.

Má conduta

Os incidentes com passageiros indisciplinados nos Estados Unidos foram consideravelmente mais frequentes em 2023 do que antes da Covid, de acordo com a Administração Federal de Aviação dos EUA, embora abaixo do pico de 2021.

Alguns foram expulsos antes mesmo de o avião decolar, como o passageiro da Delta que abriu uma porta e deslizou pela saída de emergência do Aeroporto Internacional de Los Angeles, e os homens que deixaram um avião da Southwest antes da decolagem após socos em Dallas, Texas.

Em maio, uma mulher foi retirada de um voo da Frontier Airlines em Denver, Colorado, após bater em um comissário de bordo com um interfone. E em novembro, um passageiro da Southwest teve de ser imobilizado por funcionários do aeroporto depois de abrir uma saída de emergência e sair do avião enquanto este ainda estava no portão.

Alguns incidentes também foram mais alarmantes.

Em março, um homem de Massachusetts foi preso por supostamente tentar esfaquear uma comissária de bordo com uma colher de metal quebrada durante um voo, após tentar abrir uma porta de saída de emergência.

Já na Coreia do Sul, em maio, um homem conseguiu abrir a porta de emergência pouco antes de aterrissar, fazendo com que o vento soprasse na cabine e rodeasse os passageiros aterrorizados a bordo. O homem de 19 anos, que disse à polícia que “queria sair do avião rapidamente”, mais tarde testou positivo para drogas.

E no Brasil?

Em fevereiro, duas famílias se desentenderam antes de um voo que ia de Salvador a Congonhas decolar.

Os passageiros começaram uma briga generalizada – com direito a tapas, xingamentos e puxões de cabelo – após uma passageira solicitar que a outra cedesse seu lugar na janela pois estava acompanhada de uma criança com necessidades especiais.

As famílias envolvidas na briga foram desembarcadas e o voo acabou atrasando uma hora.

Animais a bordo

Todos nós já tivemos voos atrasados, mas diferentemente de bagagens irregulares é raro que isso seja causado por um urso fugitivo no porão de carga, como aconteceu em Dubai.

Curiosamente, atrasos por conta de enxame de abelhas ocorreram pelo menos duas vezes no ano, uma nos EUA e uma em um voo entre o Rio de Janeiro e São Paulo.

Em novembro, um Boeing 747 a caminho da Bélgica foi forçado a voltar depois de um cavalo ter escapado a bordo.

Se não bastassem problemas a bordo, colisões com “colegas de voo” também foram relatadas no ano. Em abril, colisões com pássaros foram ligadas a um incêndio num avião da American Airlines. Enquanto isso, em junho, no Equador, um piloto precisou usar suas habilidades para retomar o controle da aeronave após bater em uma ave.

Porém, o prêmio de bravura de 2023 deve ir para o piloto sul-africano Rudolf Erasmus, que fez um pouso de emergência com seu monomotor depois de sentir uma cobra clandestina venenosa deslizando em seu corpo durante o voo.

Problemas escatológicos

Não foram só fezes de animais que geraram “turbulências” nesse ano.

Em julho, durante um voo da Air France, um casal notou que o chão do avião estava molhado com sangue e a diarreia de um passageiro anterior ao sentirem o forte odor vindo da área sob seus pés.

No mês seguinte, um voo da Delta de Atlanta para Barcelona foi forçado a dar meia-volta depois que um passageiro teve diarreia “em todo o avião”.

Já em outubro, a pessoa responsável pelo problema foi “pega com as calças baixas”. Após defecar no chão do banheiro da aeronave, um voo da companhia aérea EasyJet foi cancelado e os seus passageiros obrigados a desembarcar.

Problemas na cabine

É sempre um dia ruim quando você fica trancado do lado de fora, principalmente quando você é piloto, e isso significa rastejar pela janela da cabine depois que um passageiro fecha acidentalmente a porta da cabine de comando.

Uma das pessoas a bordo que tirou fotos do incidente em maio aplaudiu o piloto por ter ido “acima e além”.

Menos elogios foram feitos em março quando dois pilotos da companhia aérea indiana de baixo custo Spicejet foram suspensos depois de terem ingerido bebidas quentes e doces dentro da cabine – uma pausa para o café que poderia ter tido consequências desastrosas se algo derramasse.

Em outubro, um avião decolou de um aeroporto de Londres com quatro janelas danificadas, incluindo duas que estavam desaparecidas. Os danos só foram percebidos após o avião decolar com nove passageiros e 11 tripulantes rumo à Flórida.

A aeronave atingiu uma altitude de pelo menos 14.000 pés (cerca de 4,2 km) quando foi virada, diz um boletim especial da Divisão de Investigação de Acidentes Aéreos do Reino Unido (AAIB). O avião retornou ao Aeroporto de Stansted em segurança logo depois.

Batalha por acessibilidade

A maioria de nós encara as viagens aéreas como um desconforto que vai valer a pena, mas para pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida, viagens de avião infelizes são uma ocorrência comum. Embora haja progresso, ainda estamos um pouco longe de todos os clientes receberem o serviço que merecem.

A Air Canada pediu desculpas em novembro aos clientes com deficiência que não receberam um “serviço conveniente e consistente”, depois que um passageiro que usa cadeira de rodas chegou às manchetes em todo o mundo depois de compartilhar sua experiência ao precisar se arrastar para fora de um voo.

De acordo com a organização sem fins lucrativos Paralyzed Veterans of America, mais de 31 cadeiras de rodas foram danificadas, atrasadas ou perdidas todos os dias por trabalhadores de companhias aéreas entre 2019 e 2022.

E o desrespeito pelas ferramentas essenciais de mobilidade foi flagrada em um vídeo viral de novembro que mostra um carregador de bagagem arremessando uma cadeira de rodas, que desliza pela rampa da ponte de embarque, onde vira e cai no pátio do aeroporto. A American Airlines disse que estava analisando as imagens.

Os viajantes com obesidade também reclamaram das políticas “discriminatórias” e confusas de assentos das companhias aéreas, que muitas vezes fazem com que os clientes “paguem duas vezes pela mesma experiência” que outros viajantes.

Fonte: CNN

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