Grandes veículos da imprensa estrangeira repercutiram na noite deste domingo a vitória de Jair Bolsonaro nas eleições presidenciais. Boa parte dos sites se dedicaram a publicar matérias explicando aos leitores detalhes sobre quem é Bolsonaro, desde sua formação militar, passando por falas controversas, e polarização do país, até sobre como o resultado das urnas reflete as insatisfações da população com o Partido dos Trabalhadores.

“Bolsonaro vence Fernando Haddad em uma das campanhas políticas mais polarizadas e violentas da história do Brasil”, destaca o site americano CNN, que ainda chama o capitão de “Trump do Brasil”. “Uma longa recessão, o aumento da insegurança e um massivo escândalo de corrupção que abalou a política e as instituições brasileiras foram alguns dos motivos que levaram os eleitores ao resultado.”


A comparação também é feita pela BBC, que publicou uma matéria com o título: “Seria Bolsonaro o Trump dos Trópicos?”. O texto faz um paralelo com as falas do novo presidente consideradas racistas, homofóbicas e misóginas — tom parecido com do presidente americano. Ressaltando até que Ciro Gomes chegou a chamá-lo de “aspirante a Hitler”.


A liberal The Economist, que chegou a publicar uma capa chamando Bolsonaro de ameaça, começa seu texto sobre a vitória com a sucinta frase: “Os brasileiros fizeram uma péssima escolha”. O texto aponta que Bolsonaro é um “apoiador de ditadores e de armas, que incita a polícia a matar suspeitos, que ameaça banir oponentes e diminui as mulheres, os negros e os gays”. Em seguida, o site da revista explica como o PT colaborou para o crescimento do PSL, pelos escândalos de corrupção, pelo desejo de se manter no poder e pela depressão econômica que caiu nos últimos anos em que estavam no poder.


O jornal The New York Times seguiu o caminho dos colegas, lembrando falas polêmicas de Bolsonaro e apontando para o crescimento do conservadorismo da extrema-direita no mundo. “Bolsonaro, que vai conduzir o maior país da América Latina, é o mais à direita entre todos os presidentes da região, onde recentemente os países elegeram líderes mais moderados. Ele engrossa o movimento da extrema-direita que tem crescido no mundo, juntamente com a Itália e a Hungria.”


O argentino Clarín fez uma ampla cobertura das eleições brasileiras, com direito a um infográfico em que explica as propostas de Bolsonaro e como deve ser organizado seu governo. O jornal ainda destaca o novo presidente como parte do “fenômeno do populismo da direita global”, que se vê com a missão de “salvar o país”.


Análise parecida fez o espanhol El País, que destacou também o fim de uma era do PT. “Os anos dourados do Partido dos Trabalhadores, uma referência para a esquerda de toda América Latina, parecem agora soterrados debaixo da vitória de um candidato que mais diferente impossível: Jair Bolsonaro. O grupo do ex-presidente Lula da Silva, uma superpotência política nas últimas três décadas, não só viu agora a derrota do candidato Fernando Haddad, como também teve que contemplar, no dia 7 de outubro, uma queda no Congresso com apenas 56 deputados, uma sombra do que já foi um dia.”


O britânico The Guardian, que acompanhou a apuração dos votos em uma longa matéria atualizada em tempo real, foi às ruas no Brasil retratar as celebrações dos eleitores de Bolsonaro. Após destacar diversas frases de entrevistados, como a de um estudante de fisioterapia de 40 anos, que disse ter agora o “presidente que sempre esperamos, que teme a Deus e é genuinamente de direita”, o jornal ressaltou ao fim que o triunfo de Bolsonaro deixou milhões de brasileiros progressistas “profundamente perturbados e com medo da intolerância que vai tomar o país”.


Fonte: Veja
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