“Ta pior. Vai piorar”. O verso cantado por Alceu Valença em 1981 está mais atual do que nunca para a bancada de oposição na Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA). Depois de ver o seu número de cadeiras reduzido de 20 para 18 nas eleições de 2018, parlamentares de oposição passaram a reclamar dos colegas de bancada que não frequentam o plenário da AL-BA durante as sessões do primeiro semestre da Casa. 

A principal bronca de deputados de oposição ouvidos pelo Bahia Notícias é que o governo tem ampla maioria na casa e a ausência dos poucos opositores no plenário dificultou ainda mais o trabalho de obstrução e debate nesses primeiros seis meses de mandato. “A gente esperava certo barulho desse pessoal eleito pela internet, mas a realidade que vemos é pouco compromisso com o plenário”, disse um opositor ao Bahia Notícias sobre os colegas.  

Em um grupo da oposição no Whatsapp, se tornou recorrente a cobrança pela presença de colegas. Em uma das últimas sessões antes do recesso, o debate iniciou na AL-BA apenas com um oposicionista no plenário. 

Entre os citados por deputados de oposição como os “sumidinhos” do plenário estão o Doutor David Rios (PSDB) - que não é novato -, Kátia Oliveira (MDB) e Talita Oliveira (PSL). “Nunca vi Talita fazer um único pronunciamento na tribuna da Assembleia e David Rios só vem aqui a passeio”, reclamou um outro deputado da oposição.  

Apesar da bronca, Rios e Kátia Oliveira aparecem entre os deputados mais presentes em sessões na Assembleia neste primeiro semestre. O médico tucano registrou 53 presenças e a esposa do prefeito de Simões Filho registrou 52 idas a Casa. Na prática, o registro não contesta a reclamação da oposição, uma vez que o parlamentar pode marcar presença  e voltar para o seu gabinete, sem nem colocar mais os pés no plenário.  

Líder do bloco, Targino Machado (DEM) preferiu não comentar ou apontar para os liderados supostamente sumidinhos. “Cada um faz o que quiser com o seu mandato. O que posso garantir é que, de todos os tempos, sou o mais presente no plenário”. O líder, que não quis negar ou afirmar a realidade das reclamações ainda contestou: “Quem tem que garantir o quórum das sessões é o governo”.  

Cadê o deputado que estava aqui

Mesmo com as ausências eventuais no plenário, os deputados que mais marcaram presença durante sessão na AL-BA neste primeiro semestre foram os parlamentares David Rios (PSDB), Marcell Moraes (PSDB), Pedro Tavares (DEM), Rosemberg Pinto (PT), Tiago Correia (PSDB) e Zé Cocá (PP) com 53 presenças cada. Faltas justificadas e aceitas pela presidência foram contabilizadas como presenças.  

No time dos mais faltosos estão Roberto Carlos (17 faltas sem justificativa) (PDT), Alan Castro (13 faltas sem justificativa) (PSD), Luciano Simões (12 faltas sem justificativa) (DEM), Adolfo Menezes (12 faltas sem justificativa) (PSD) e Rogério Andrade FIlho (12 faltas justificativa) (PSD). 

Um deputado estadual da Bahia custa cerca de R$ 157 mil por mês aos cofres públicos. O salário dos parlamentares é de R$ 25.322,25, acrescido de verba indenizatória de R$ 32 mil, usada para combustível e outras despesas e verba de gabinete que chega a R$ 100 mil. Além de elaborar projetos, um deputado deve também debater questões da sociedade em discursos na Casa. 

Por Lucas Arraz
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