Com a morte do fundador e líder da facção Bonde do Maluco (BDM), o então bandido mais procurado do estado José Francisco Lumes, o Zé de Lessa, foi emitido um alerta pelo Serviço de Inteligência (SI) da Secretaria de Segurança Pública (SSP) para que os agentes ficassem atentos a possíveis ataques do BDM em todo o estado.

A intenção é deixar os agentes em stand-by no final de semana, quando há uma redução do efetivo. “Não estamos falando de um bandido qualquer e, sim, do líder de uma das maiores facções do estado e que costumava agir com muita violência”, disse uma fonte da SSP ao Correio e que preferiu não revelar o nome. Uma das ações recentes da facção resultou na morte de uma pessoa e outras duas feridas em São João do Cabrito. 

Zé de Lessa foi morto num confronto na manhã de quarta-feira (4) pela polícia, no estado do Mato Grosso do Sul, e era o Ás de Ouros do Baralho do Crime da SSP, um arquivo que reúne os principais criminosos do estado. Ele tinha envolvimento com ataques a bancos, assaltos a carros-fortes, sequestro e tráfico de drogas. Zé de Lessa estava escondido no Paraguai. Em 2018, ele conseguiu fugir de uma caçada policial.

Procurada, a assessoria de comunicação da SSP negou o alerta e informou que o policiamento no estado não será reforçado. Apesar disso, a fonte disse ao Correio que a possível represália do BDM foi o principal assunto de uma reunião que aconteceu na tarde desta sexta-feira (6) com agentes do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). A reunião acontece, habitualmente, todas as sextas para discutir as ações no final de semana com assuntos de repercussão, como chacinas, crimes sexuais e casos de repercussão. 

“A nossa preocupação é com a taxa de homicídios que pode subir por causa dos seus soldados e com outras ações de costume da facção como ataques a ônibus, bloqueio de pistas e explosões de instituições financeiras”, disse a fonte ao Correio.

A fonte contou ainda que um dos pontos da reunião é saber quem será o sucessor de Zé de Lessa. “Ainda não há um nome forte, alguém do grupo que esteja em evidência, que seja conhecimento do departamento (DHPP). Por isso vamos nos reunir para cruzar as informações de cada área de atuação nossa e mapear os nomes que podem chegar à liderança da facção”, declarou a fonte.

O outro assunto é a ação dos rivais. Com a morte de Zé Lessa, a estrutura da facção tende a declinar. “O que a gente sabe é que tudo passava por ele. Era um centralizador. Agora, a tendência é um ataque dos rivais, o que é óbvio. Atualmente, o maior rival é o CP [a facção Comando da Paz] e vai procurar o lugar mais vulnerável. Mas tem lugares que são impossíveis, como na Mata Escura, pois os soldados de lá estão bem armados”, explicou a fonte.

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