A Bahia voltou a figurar como o estado mais violento do Brasil, de acordo com dados do DataSUS (banco de dados oficial do Ministério da Saúde) divulgados nesta segunda-feira (10/10) pelo Centro de Pesquisa em Direito e Segurança (Cepedes). O levantamento aponta que o estado registrou 6.371 assassinatos em 2021, número que é quase o dobro do que o segundo colocado, Pernambuco, que teve 3.356 casos - a diferença é de 89,8%.
Em relação a 2020, a Bahia registrou um pequeno aumento na quantidade de homicídios. Naquele ano, o estado computou 6.336, o que representa um aumento de 0,55%. Já no Brasil houve uma redução nos casos de assassinatos em 2021 comparado ao ano anterior.
De acordo com os registros consignados na compilação, foram contabilizados no país, em 2021, 42.391 homicídios. É o menor número absoluto desde 1998, quando os registros somaram 41.950, de acordo com o Cepedes. Em termos percentuais, houve uma redução de 11,09% no número total de óbitos intencionais em relação a 2020 (47.680 casos computados).
Além disso, a Bahia foi um dos sete estados que tiveram aumento nos homicídios, enquanto todos os demais registraram redução nos números entre 2020 e 2021. A Bahia computou, ainda, mais que o dobro dos assassinatos em relação a estados mais populosos, como São Paulo (2.954 casos), Minas Gerais (2.385) e Rio de Janeiro (2.673).
Veja tabelas:
Esse cenário de aumento de homicídios na Bahia também é apontado por outros levantamentos, além dos dados do DataSUS. De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, a Bahia registrou o maior número de homicídios dolosos em 2020, com 5.360 vítimas, e 2021, com 5.532 mortes (10.892 no total). O Ceará aparece em segundo lugar, com um total de 7.196 homicídios nos dois anos. Pernambuco ficou em terceiro, com 6.852 registros no período analisado.
Já com relação ao número de latrocínios, que é o homicídio com objetivo de roubo ou roubo seguido de morte ou de graves lesões corporais da vítima, a Bahia ficou em terceiro lugar, com 108 vítimas em 2020 e 137 em 2021 (245 no total). São Paulo teve o maior número de registros, com 356 nos dois anos. Pernambuco ocupa a segunda posição do ranking, com 246 mortes no total.
O anuário também traz as 30 cidades com as maiores taxas médias de Mortes Violentas Intencionais. Desse total, seis são da Bahia: Aurelino Leal (taxa média de 144,2); Jussari (120,9); Itaju do Colônia (111,0); Wenceslau Guimarães (103,3); Santa Cruz Cabrália (102,6); e Barro Preto (98,2).
No número de lesão corporal seguida de morte, a Bahia ocupa o segundo lugar, com 90 vítimas em 2020 e 55 em 2021. São Paulo aparece primeiro, com 122 no ano retrasado e 76 no ano passado.
Um levantamento do índice nacional de homicídios do G1, feito com base nos dados oficiais dos 26 estados e do Distrito Federal, mostra que o número de assassinatos no país continua em queda em 2022. Foram 10,2 mil assassinatos nos três primeiros meses deste ano, o que representa uma baixa de 6% em relação ao mesmo período do ano passado. Apesar da Bahia ter registrado uma queda de 8,5% na violência, o ranking de assassinatos do Brasil segue encabeçado pelo estado em 2022.
Segundo o Monitor da Violência do G1, a Bahia registrou 1.326 homicídios somente nos três primeiros meses deste ano. Pernambuco aparece em seguida, com 963 mortes, depois vem São Paulo (812), Rio de Janeiro ( 781) e Ceará (755). A Bahia tem a segunda maior taxa de crimes violentos do país – são 8,8 mortes para cada 100 mil habitantes no primeiro trimestre de 2022
Escritor, professor e pesquisador na área do Direito, Educação, Direitos Humanos e Segurança Pública, o especialista Fábio Santos explica que é preciso ter um programa de combate ao homicídio como uma estratégia nacional e inter-relacionada entre regiões e estados para um efetivo direito à segurança pública de qualidade. Segundo ele, a taxa de homicídios na Bahia cresceu devido a uma migração da violência de outros estados.
O especialista aponta que estudos relatam que a partir das Olimpíadas do Rio Janeiro, quando houve um combate mais efetivo à violência no estado e também em SP, houve um fluxo migratório de atuação de facções para o estado da Bahia, o que leva expõe a fragilidade de um sistema policial e penitenciário. “Se não há um efetivo forte, se não há um controle firme e um maior investimento em segurança e capacitação, lógico que isso se torna um terreno fértil e fácil para a acomodação dessas facções”, acrescenta.
Santos ressalta ainda que se um determinado estado faz o fortalecimento de medidas de controle, de punibilidade e combate à violência, passa a existir um fluxo migratório para estados que estejam vulneráveis no que tange a melhores estratégias para o aumento de efetivo policial e de atuação no combate a violência. “Por isso que a Bahia teve e enfrentou esse aumento de homicídios, por ser um terreno fértil para o crime organizado”, destaca.
Fonte: Correio 24 Horas
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