Enchentes no leste da África do Sul já deixaram 395 mortos, segundo o balanço de autoridades locais divulgado nessa sexta-feira (15/4), num dos piores desastres naturais da história do país. As inundações devastadoras assolam a província de KwaZulu-Natal desde segunda-feira e obrigaram mais de 40 mil moradores a deixar suas casas.

O conselheiro provincial para o Governo Cooperativo e Assuntos Tradicionais, Sipho Hlomuka, disse que a maioria das mortes ocorreu na área metropolitana de Durban, a cidade mais populosa de KwaZulu-Natal e a terceira maior da África do Sul. Muitas crianças morreram na tragédia, de acordo com o correspondente da DW Adrian Kriesch. As equipes de regaste e voluntários continuam buscando 55 desaparecidos.

Hlomuka afirmou ainda que 40.723 habitantes tiveram que se deslocar desta área, onde a água inundou casas e deixou muitos cidadãos incomunicáveis, sem eletricidade e sem água encanada. Deslizamentos de terra destruíram milhares de casas, encostas foram arrastadas e pontes e ruas foram levadas pelas águas.

Equipes de emergência trabalham contra o relógio para dar abrigo aos milhares de afetados, buscar dezenas de desaparecidos e evitar maiores danos à infraestrutura. Apesar de dois dias de trégua, as chuvas devem retornar à região neste fim de semana, com novos riscos de inundações e deslizamentos de terra.

Por causa das enchentes, o porto de Durban, a zona de transporte de carga marítima mais importante do continente africano, suspendeu as operações. Grandes fábricas na cidade, como uma montadora da Toyota, alagaram e tiveram que interromper as atividades.

O presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, lamentou o “desastre de enormes proporções, nunca antes visto no país”. Ele afirmou ter passado por “um dos momentos mais tristes” do seu mandato quando conheceu uma família que perdeu 10 membros, devido ao mau tempo, incluindo crianças. “Alguns deles viram os seus familiares serem levados, sem poder resgatá-los, estendendo a mão para segurá-los, mas o poder da água os levou”, acrescentou.

Ramaphosa declarou na quarta-feira o estado de calamidade em KwaZulu-Natal. A província tem experimentado um aumento nesses tipos de eventos climáticos nos últimos anos. O mais grave dos últimos tempos ocorreu em 2019, quando chuvas torrenciais e inundações deixaram cerca de 80 mortos nesta mesma época do ano.

Cientistas afirmam que as mudanças climáticas impulsionaram as enchentes. O clima mais quente aumentou a precipitação na região. Outras partes do país, no entanto, passaram a sofrer com a seca.

Esta província ainda se recuperava dos graves distúrbios que a África do Sul viveu em julho de 2021 e que se fizeram sentir com maior intensidade em KwaZulu-Natal, onde ocorreram 275 das 354 mortes registradas nestes incidentes. A violência eclodiu após a prisão do ex-presidente Jacob Zuma.

Fonte: Metrópoles

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